Enquanto as famílias celebravam o Natal, o governo preparava o terreno para 2026. Promessas populistas e aumento de impostos marcam o fim de ano. O custo dessa "bondade" estatal chegará em breve para o seu bolso.
O final do ano de 2025 ficará marcado na história econômica do Brasil. Não pelas celebrações festivas ou pela união das famílias. Mas sim pela agressividade com que a máquina pública avançou sobre a liberdade econômica. Na véspera de Natal, enquanto a população estava distraída com as festas, o presidente Lula foi à televisão. Em rede nacional, ele fez um discurso recheado de promessas emocionais e desconexas da realidade.
O ponto central da fala presidencial foi a defesa do fim da escala de trabalho 6x1. Lula classificou o "direito ao tempo" como a demanda mais urgente do povo. Ele prometeu trabalhar para acabar com a jornada de seis dias de trabalho por um de descanso. A proposta exige a manutenção do salário integral, mesmo com a redução da jornada. Para o leigo, isso soa como um presente divino. Para quem entende o mínimo de economia, é uma sentença de desemprego.
A retórica é sedutora. Quem não gostaria de trabalhar menos e ganhar o mesmo? No entanto, a economia não funciona baseada em desejos ou decretos. O salário de um trabalhador não é determinado pela bondade do patrão. Nem pela caneta de um burocrata em Brasília. O salário tende a refletir a produtividade marginal do trabalho. Ou seja, quanto aquele trabalhador produz de valor real em determinado período.
Se o governo obriga a redução da jornada sem reduzir o salário, o custo da hora trabalhada sobe. Cálculos simples mostram que esse aumento de custo supera os 20%. Pequenos comércios, restaurantes e empresas de serviços operam com margens de lucro apertadas. Eles não possuem um "cofre mágico" para absorver esse impacto. O resultado prático será a demissão dos funcionários menos produtivos.
Aqueles que o governo diz proteger serão os primeiros a serem sacrificados. O jovem sem experiência terá ainda mais dificuldade para conseguir o primeiro emprego. O trabalhador com menor qualificação será substituído por máquinas ou processos automatizados. A automação, que deveria ser um processo natural de evolução, será forçada por uma distorção estatal. O "direito ao tempo" se transformará no "tempo livre" do desempregado.
Mas o discurso natalino não parou por aí. O presidente celebrou a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até cinco mil reais. Ele chamou isso de "dinheiro extra" para as famílias. O que ele não disse é de onde sairá esse recurso. O estado não gera riqueza. Para dar isenção a um grupo, ele precisa tributar outro ou imprimir dinheiro. Ambas as opções geram empobrecimento.
A conta dessa "bondade" já foi apresentada pelo Congresso Nacional. Nos últimos dias de atividade legislativa, deputados e senadores aprovaram o PLP 128/2025. Esse projeto é um verdadeiro ataque à poupança e ao investimento. Sob o pretexto de "cortar gastos tributários", o governo aumentou impostos sobre quem produz. A alíquota sobre o Juros sobre Capital Próprio (JCP) subiu para 17,5%.
Isso afeta diretamente a capacidade das empresas de reinvestir seus lucros. Menos investimento significa menos máquinas, menos fábricas e menos empregos no futuro. O governo pune a empresa que se capitaliza e incentiva o endividamento bancário. É uma medida que fragiliza o tecido empresarial brasileiro em nome da arrecadação de curto prazo. A visão é puramente extrativista.
Além disso, o pacote fiscal atacou as chamadas Fintechs e os bancos digitais. A Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) dessas instituições subirá gradualmente até 20%. A justificativa é a "isonomia" com os grandes bancos. Na prática, isso protege o cartel bancário tradicional. As Fintechs trouxeram concorrência e baixaram taxas para os mais pobres. Agora, o estado encarece a operação delas.
Quem pagará essa conta será o consumidor final. O crédito ficará mais caro e escasso. Aquele "dinheiro extra" da isenção do Imposto de Renda será corroído pelos juros mais altos. Será corroído também pelo aumento de preços em toda a economia. É a clássica manobra de ilusionismo fiscal. O governo dá com uma mão visível e tira com duas mãos invisíveis.
Outro alvo da sanha arrecadatória foram as apostas esportivas, as "bets". A tributação chegará a 15% sobre a receita das empresas, além de taxas sobre os prêmios. O estado brasileiro não suporta ver dinheiro circulando sem pegar sua parte. O governo trata o cidadão como uma criança incapaz de gerir seus próprios recursos. Se você ganha, o estado é seu sócio. Se você perde, o problema é seu.
Enquanto pune o setor financeiro e de serviços, o governo afaga seus "amigos". No dia 23 de dezembro, foi sancionada a lei que cria subsídios para a indústria química. O Programa Especial de Sustentabilidade da Indústria Química (PRESIQ) é um exemplo de corporativismo. O dinheiro do pagador de impostos será usado para garantir o lucro de grandes indústrias.
A justificativa é sempre a "proteção da indústria nacional" e a "competitividade". Mas proteger indústrias ineficientes nos torna todos mais pobres. O consumidor brasileiro é obrigado a pagar mais caro por produtos plásticos e químicos. Tudo para sustentar a margem de lucro de empresas politicamente conectadas. Isso não é capitalismo de livre mercado. É capitalismo de compadrio.
Lula também citou o "tarifaço" imposto pelos Estados Unidos como um desafio vencido. Ele afirmou que "protegeu nossas empresas". A visão mercantilista do governo ignora que o comércio internacional não é uma guerra. Importar produtos baratos é bom para a população. Barreiras comerciais apenas encarecem o custo de vida no Brasil. A tal "soberania" citada custa caro ao cidadão comum.
O cenário desenhado para 2026 é preocupante. Temos um governo que acredita poder revogar as leis da economia por decreto. A insistência no fim da escala 6x1 ignora a realidade de milhões de pequenos negócios. O aumento da carga tributária sobre investimentos sufocará o crescimento real. A inflação, projetada pelo mercado, já dá sinais de que corroerá os salários.
A segurança jurídica também foi destroçada. Decisões judiciais recentes continuam a ameaçar a liberdade de expressão. O discurso oficial fala em combater "fake news" e "desinformação". Na prática, cria-se um Ministério da Verdade. O estado quer deter o monopólio da narrativa. Críticas às políticas econômicas ou sanitárias podem ser criminalizadas a qualquer momento.
Enquanto isso, nossos vizinhos tentam caminhos diferentes. A Argentina, apesar das dificuldades, buscou desregular sua economia ao longo de 2025. O contraste de ideias é gritante. Lá, tenta-se tirar o estado do cangote de quem produz. Aqui, aumentamos o peso da bota estatal sobre o pescoço do empreendedor. A história nos mostra qual caminho leva à prosperidade e qual leva à miséria.
O discurso de Natal tentou pintar um país de maravilhas. Falou-se em saída do Mapa da Fome e em recordes de emprego. Mas os números nominais escondem a fragilidade real. O emprego criado muitas vezes é público ou subsidiado. A renda é corroída pela inflação real, que é sempre maior que a oficial. A sensação nas ruas não é de festa, mas de apreensão.
O ano de 2026 será um ano de eleições. Isso significa que a torneira de gastos públicos será aberta ao máximo. O pacote fiscal aprovado em dezembro serve justamente para financiar essa farra. O governo arrecada mais hoje para gastar mais amanhã em busca de votos. O ciclo político se sobrepõe à racionalidade econômica.
O pagador de impostos brasileiro precisa estar atento. Não existem almoços grátis. Não existe redução de jornada sem aumento de produtividade. Não existe isenção de imposto sem corte de gastos. Cada promessa feita na televisão tem um custo oculto. E esse custo virá na forma de impostos, inflação e desemprego.
A visão libertária nos alerta para a natureza do estado. Ele é uma instituição que vive da expropriação. Ele não tem recursos próprios. Tudo o que ele dá, ele tirou de alguém antes. O "presente" de Natal do governo é, na verdade, uma devolução parcial do que foi roubado. E, neste caso, a devolução vem acompanhada de novas cobranças.
O fim da escala 6x1, se aprovado, será um desastre para a liberdade contratual. Impedir que um indivíduo venda seu tempo como desejar é escravidão disfarçada de direito. O aumento de impostos sobre Fintechs é uma barreira contra a inovação. Os subsídios para a indústria química são privilégios injustificáveis.
O Brasil caminha na contramão do mundo desenvolvido. Em vez de flexibilidade, criamos rigidez. Em vez de liberdade, criamos controles. Em vez de poupança, incentivamos o consumo imediato. As consequências dessas escolhas serão sentidas por todos nós. Prepare-se para um 2026 de muita turbulência e pouca liberdade.
https://www.infomoney.com.br/politica/lula-destaca-acoes-do-governo-e-defende-fim-da-escala-6x1-em-mensagem-de-natal/
https://jovempan.com.br/noticias/economia/camara-aprova-corte-em-beneficios-fiscais-e-aumento-de-impostos-para-bets-e-fintechs.html
https://mrsadvogados.com/plp-128-2025-aprovado-reducao-de-incentivos-fiscais-e-ajustes-setoriais/
https://g1.globo.com/economia/noticia/2024/12/11/discurso-milei-um-ano.ghtml
https://g1.globo.com/politica/noticia/2025/12/24/lula-faz-pronunciamento-de-natal-no-radio-e-na-tv.ghtml