Em meio a EUFORIA das BOLSAS mundiais, ALEMANHA diz que a CRISE econômica está CHEGANDO

Enquanto o noticiário comemora recordes nas bolsas, a indústria alemã fala em “pior crise do pós‑guerra” e os juros seguem altos pelo mundo. E o Brasil, sendo o Brasil de sempre.

A Alemanha, que sempre foi vendida como âncora de solidez da Europa, hoje é um dos centros de preocupação. Entidades industriais e institutos econômicos já falam abertamente em “crise estrutural profunda”, com a possibilidade de 2025 ser o terceiro ano seguido de contração do PIB ou, na melhor das hipóteses, um crescimento pífio próximo de zero.

Levantamentos de confederações empresariais mostram queda projetada de produção industrial, recuo de investimentos e empresas cortando gastos e mão de obra, num cenário descrito como o mais fraco da era do pós‑guerra. O Instituto Econômico Alemão prevê nova queda do PIB em 2025, enquanto outros relatórios alertam para risco de desindustrialização caso reformas não sejam feitas. Em resumo, o principal polo manufatureiro da Europa está com o pé na lama.​

Isso acontece num ambiente global no qual os bancos centrais, especialmente nos Estados Unidos e Europa, mantêm juros elevados para combater a inflação gerada por anos de estímulos excessivos, pandemia e guerras. A combinação é explosiva de dívida pública mais cara, crescimento fraco nos países ricos, comércio mundial desacelerando e espaço fiscal cada vez mais estreito para novos pacotes de salvação. Quando até um país disciplinado como a Alemanha admite estar “em crise profunda” e fala em “ponto de virada” negativo, o recado é claro. A próxima turbulência não será uma marolinha.​

(Sugestão de Pausa)

Agora coloque o Brasil dentro desse quadro. As contas públicas brasileiras já estão em situação frágil em tempos ditos “normais”. Relatórios de casas de análise e órgãos oficiais mostram que, mesmo com alguns meses de superávit pontual, a trajetória estrutural é de deterioração. Em 2025, análises de instituições financeiras estimam déficit primário em torno de 0,5% do PIB no governo consolidado, deixando claro que a meta de resultado zero do novo arcabouço fiscal não deve ser cumprida de forma sustentável.

O próprio IPEA, em panorama fiscal recente, aponta que o resultado primário acumulado até setembro de 2025 ainda é deficitário em quase R$ 100 bilhões, somente um pouco melhor do que o rombo do mesmo período do ano anterior, longe da neutralidade fiscal.​

Ao mesmo tempo, a dívida bruta do governo geral não para de subir. Dados compilados por plataformas de indicadores comprovam a dívida brasileira alcançando patamares recordes em termos nominais e se aproximando, em proporção do PIB, de níveis considerados perigosos para economias emergentes. Números recentes indicam dívida bruta em torno de 78% a 79% do PIB pelo critério doméstico, com a série encostando no maior nível desde o auge da pandemia.

Ao utilizar a metodologia mais ampla do Fundo Monetário Internacional, que inclui alguns passivos adicionais, a situação fica ainda pior. Relatos de imprensa destacam que o FMI já enxerga a dívida bruta do governo geral brasileiro batendo a casa dos 90% do PIB. Isso coloca o país entre os mais endividados da América Latina, superando facilmente outros grandes emergentes da região.​

O próprio Tesouro Nacional, em relatórios recentes, projeta continuidade da alta da relação dívida/PIB nos próximos anos, mesmo sob hipóteses relativamente otimistas de crescimento e arrecadação. Em outras palavras, quem faz a conta por dentro sabe que a trajetória não está ancorada. O Banco Central, por sua vez, divulga que a dívida bruta do governo geral rompeu sucessivas máximas em trilhões de reais ao longo de 2025, com a dívida líquida também atingindo o maior percentual da série histórica.

(Sugestão de Pausa)

Isso tudo num cenário onde o Brasil já paga juros nominais altíssimos, o que significa que uma fatia gigantesca do orçamento é queimada somente para rolar dívida, não para investir ou prestar serviço.​ Mas não se enganem! Nosso juros nominal é altíssimo, haja visto que somos o Brasil, e ninguém aceita pagar pouco para comprar um país nos moldes do nosso.

Analistas independentes apontam que o aparente alívio de superávit em alguns meses é mais contábil do que estrutural. Houve receitas atípicas, como tributação de fundos exclusivos e offshores, além de contingenciamentos temporários e mudanças no calendário de pagamento de precatórios, que ajudaram a maquiar parcialmente o quadro. Quando essas receitas extraordinárias somem e as despesas obrigatórias seguem subindo, a “melhora” fiscal evapora. Estudos feitos para o Congresso indicam que, mesmo com esforços, o cenário‑base é de déficit primário ao redor de 0,5% do PIB em 2025, com a dívida seguindo caminho de alta gradual, em direção a algo próximo de 85% do PIB nos próximos anos no conceito doméstico, e ainda mais no conceito do FMI.​

É nesse contexto de fragilidade que uma crise global como a anunciada na Alemanha teria impacto devastador sobre o Brasil. Em momentos de estresse externo, algumas coisas acontecem quase ao mesmo tempo. Fuga de capitais de países emergentes, desvalorização cambial, queda de preço de commodities e encarecimento do financiamento da dívida pública são quase atividades do cotidiano brasileiro.

Para um governo que já está com dívida alta e precisa emitir rolos crescentes de títulos para fechar suas contas, ver juros globais subindo de novo e investidores solicitando prêmio maior para carregar papel brasileiro é receita para colapso fiscal acelerado. Bastam alguns leilões de títulos com demanda fraca e taxas em alta para o custo da rolagem sair do controle.​

Relatórios de economistas domésticos já alertam que, mesmo sem choque externo pesado, o ritmo de crescimento das despesas e dos juros nominais é o principal fator de deterioração contínua das contas. Se você sobrepõe a isso uma crise internacional com queda de receitas, menos arrecadação sobre lucros, consumo e exportações, e alta de juros para segurar a moeda e conter inflação de câmbio, a aritmética fiscal simplesmente deixa de fechar. As próprias projeções da fazenda, que já preveem déficit mesmo em cenário base, teriam de ser revistas para pior, e as metas do arcabouço fiscal virariam letra-morta de uma hora para outra.​

(Sugestão de Pausa)

Outro ponto pouco discutido é que o Brasil já está muito mais endividado do que a percepção comum do eleitor médio sugere. Matérias recentes destacam que, no critério utilizado pelo FMI, que considera um conjunto mais amplo de obrigações, o Brasil aparece como uma das economias mais endividadas da região, com projeções de dívida se aproximando de 92% do PIB.

Isso significa menos margem de manobra para emitir dívida em caso de choque sem disparar desconfiança e rebaixamentos de avaliação. Agências de classificação de risco olham precisamente para a relação dívida/PIB e para a capacidade de gerar superávit primário consistente; o Brasil falha nas duas frentes: dívida alta e resultado primário ainda negativo.​

Enquanto isso, a política doméstica segue multiplicando pressões por mais gasto. O governo do Molusco ampliou programas sociais, elevou o salário mínimo com ganho real, criou novos benefícios e aumentou despesas permanentes, ao mesmo tempo, promete não subir muito a carga tributária, um claro contrassenso matemático. Para tentar contornar, recorre a manobras como tributar novos setores, rever benefícios, reonerações pontuais e receitas extraordinárias.

(Sugestão de Pausa)

Mas nenhuma dessas medidas ataca o problema de fundo. O estado brasileiro gasta cronicamente mais do que arrecada, mesmo com uma das maiores cargas tributárias do mundo emergente, e aposta que o mercado continuará financiando essa farra indefinidamente.​

Se uma crise global se aprofundar, e os alertas vindos da Alemanha são um indício de que isso não é delírio, mas risco concreto, o Brasil entra na tempestade já com o casco rachado. Uma queda forte na demanda externa por commodities reduziria receitas de exportação e, por tabela, arrecadação sobre o setor que hoje é uma das principais âncoras de crescimento.

Uma aversão a risco global levaria a saída de capital, depreciando ainda mais o real, o que empurraria a inflação para cima e forçaria o Banco Central a manter ou até subir juros por mais tempo, encarecendo ainda mais a dívida. A combinação de menor crescimento, maior inflação, câmbio fraco e juros altos é exatamente o cenário no qual a dinâmica dívida/PIB mais se deteriora.​

Em resumo, enquanto o noticiário celebra máximas nas bolsas, o pano de fundo é de uma Alemanha falando em “crise histórica” e um Brasil com contas públicas no fio da navalha. Se vier uma nova pancada global, não será surpresa ver justamente países como o Brasil, altamente endividados, com déficit recorrente e governo viciado em gasto, deslizarem rapidamente de uma “situação preocupante” para um quadro de descontrole fiscal explícito.

E, como sempre, quem paga a conta de inflação, juros altos e desemprego não são os ministérios em Brasília, mas a população que já vive no limite.​ E quando isso acontecer, nós libertários, diremos aquilo que sempre falamos: "Nós avisamos". Agora, faz o L e aguenta o grosso entrando.

Referências:

https://www.dihk.de/en/german-economy/dihk-economic-survey-third-consecutive-year-of-crisis-looms-in-2025-128546
https://analisa.genialinvestimentos.com.br/macroeconomia-brasil/resultado-fiscal-abr-25-crescimento-das-despesas-segue-impondo-desafios-ao-ajuste-fiscal/
https://pt.tradingeconomics.com/brazil/government-debt
https://www.radiopampa.com.br/divida-bruta-do-governo-federal-sobe-para-786-do-pib-em-outubro/
https://www2.camara.leg.br/orcamento-da-uniao/estudos/2025/et_06-2025
https://english.news.cn/20250514/7a1bb4578e9349e5811c53d179c58ae6/c.html
https://www.ipea.gov.br/cartadeconjuntura/index.php/2025/10/panorama-fiscal-evolucao-recente-e-perspectivas-7/
https://www.cnnbrasil.com.br/economia/macroeconomia/brasil-e-a-sexta-economia-mais-endividada-da-america-latina-mostra-fmi/
https://uk.finance.yahoo.com/news/german-economy-deepest-crisis-post-113131647.html