MBL DESPREZANDO uma mulher que vende PUDIM!

Nesses últimos tempos, o movimento que se dizia defensor da iniciativa privada, o MBL, desprezou uma trabalhadora comum por simplesmente vender curso na internet sobre como fazer pudim. Este é o triste fim das felinas.

O Movimento Brasil Livre surgiu como uma fagulha de esperança em meio ao caos político que assolava o Brasil entre 2014 e 2015. Na esteira da Operação Lava Jato, corrupção e caos administrativo do governo federal e dos estaduais, e mais o impeachment da presidente Dilma Rousseff, o país parecia despertar de um longo sono de tolerância institucional com os corruptos. Neste tempo, jovens lideranças com discurso liberal, tomaram as ruas e as redes sociais com uma promessa: romper com os vícios da velha política brasileira, combater o estatismo e devolver ao cidadão comum dignidade e a diminuição dos impostos. O MBL se apresentou como um movimento de renovação, de ruptura e de compromisso sincero com o povo brasileiro que sofre há anos com o estatismo fracassado brasileiro.
O auge do movimento veio com as eleições de seus principais representantes. Kim Kataguiri foi eleito como deputado federal em 2018 e reeleito em 2022. Ambos mandatos foram conquistados sem o uso do fundão eleitoral. Arthur do Val, outro integrante do MBL, mais conhecido como o "Mamãe Falei", também foi eleito deputado estadual em São Paulo no ano de 2019. Assim como o Kim, Arthur conquistou a cadeira parlamentar paulista sem recorrer ao fundão proveniente dos impostos roubados da população. Essa postura de Kim e Arthur foi celebrada por muitos como um exemplo de integridade. O movimento argumentava com fervor contra aqueles que usavam o fundo público para campanhas eleitoreiras, como também denunciava aqueles que, mesmo dizendo que eram contra, acabavam por utilizá-lo. O MBL parecia ser a exceção à regra, a prova de que era possível fazer política sem quebrar os princípios morais.
O auge do movimento foi marcado com um grande embate e a perda significativa de uma grande parcela da direita brasileira. Em 2018, após a vitória de Jair Bolsonaro para a presidência do Brasil, o MBL rompeu com o bolsonarismo. Eles alegaram que o Bolsonaro e seus filhos estavam enganando o povo, acobertando escândalos de corrupção como as rachadinhas que teriam sido realizadas por Flávio Bolsonaro. Além disso, a nomeação de um petista para a PGR e a articulação contra a CPI da Lava Toga, convenceram o movimento a sair da posição de governança, para oposição. Apesar dos bolsonaristas terem classificado MBL como traidores, e também como a nova esquerda, num primeiro momento o movimento permaneceu firme com seus princípios liberais, defendendo privatização, diminuição da máquina estatal e negação total do uso de fundão eleitoral.
No entanto, ainda no auge do movimento, as atuais felinas que, apesar de serem liberais, o que é muito diferente de ser libertário, gozavam de certo apreço por parte de muitos libertários, foram se afastando cada vez mais do libertarianismo. Chegaram ao ponto de usar termos pejorativos para se dirigirem a nós, libertários, como "anarco-bobos", "liberteens" e coisas do tipo. Afirmaram que o libertarianismo tem uma visão superficial e que não resolve os problemas sociais e econômicos. Por conseguinte, tal conduta pode ser considerada o princípio de uma queda que seria inevitável. Ora, se o estado é algo inerentemente ruim, e os liberais defendem a sua existência, mesmo que com fortes reformas econômicas, então eles são favoráveis à existência do monstro. Qual seria a diferença da injeção de uma gota de veneno de Naja no corpo para uma injeção de 50 gramas? Nenhuma! Porque ambas matam o corpo da mesma forma. Assim também é o estado: não importa o seu tamanho, mais cedo ou mais tarde, ele tende a se voltar contra o próprio povo que o sustenta. Essas verdades não significam que libertários devam criar inimizade ou fazerem oposição ferrenha ao liberalismo ou até mesmo ao conservadorismo. Tanto liberais quanto conservadores querem ir, até certo ponto, na mesma direção que nós libertários. A diferença é que eles desejam parar em certo ponto do caminho, e nós queremos ir até o fim. Nossa missão é caminhar com nossos aliados até onde eles desejam, e ao chegar lá convencê-los de que a liberdade não precisa parar por ali. 
Com base nisso, pode-se dizer que o tempo revelaria a verdade inevitável sobre o estado aos defensores do liberalismo ou do estado mínimo. Mas em 2023, o MBL, sedento pelo poder, escolheu adotar o fundo eleitoral para suas novas campanhas eleitoreiras. Sim, na maior cara de pau, as felinas simplesmente quebraram um dos principais pilares que fazia o movimento ter valor aos olhos de muitos simpatizantes. A justificativa foi pragmática: sem recursos públicos, seria impossível competir com os grandes partidos. A decisão gerou revolta entre antigos apoiadores, que viam no movimento uma esperança de mudança real. A crítica que antes era dirigida aos partidos tradicionais, agora recaía sobre os líderes do MBL, que se tornaram aquilo que juraram combater. Entre aqueles que apoiavam até com recursos financeiros, estava o músico e influenciador Nando Moura. Sua revolta foi tão imensa, que acabou declarando guerra às felinas.
A denúncia feita por Nando Moura, sobre os gastos do MBL com o fundão, escancarou o abismo entre o discurso e a prática. Segundo Moura, o grupo teria utilizado caixas de papelão para produzir um videoclipe que custou, teoricamente, 40 mil reais. Além disso, dois videoclipes somaram juntos 100 mil reais, pagos com recursos do fundo eleitoral. Os vídeos eram para as campanhas eleitorais de Renato Batista e Amanda Vetorazzo. No caso do Renato, além do roubo do fundão, ainda perdeu a disputa. O vídeo da sua campanha era uma paródia tosca da famosa série japonesa Power Rangers. Isso foi visto como um desperdício de dinheiro público, uma afronta ao contribuinte e uma demonstração de que o MBL havia se rendido às mesmas práticas que antes condenava.
Além do fracasso da campanha eleitoral da cidade mais rica da América Latina, Kim Kataguiri, a maior figura do movimento, que dizia manter sua "coluna ereta" no sentido moral, votou juntamente com o PT e o PSOL na lei que permitiu o poder executivo do cachaceiro ladrão aumentar a quantidade de álcool na gasolina de 27% para 30% (inclusive tem vídeo no canal do Visão Libertária abordando este assunto). A decisão do deputado foi uma punhalada nas costas dos brasileiros, especialmente daqueles que têm carros que não são flex. O pior de tudo é a justificativa dele: segundo a felina japonesa, ele apoiou esta lei para que o ladrão não pudesse aumentar ainda mais, e que ele tinha duas alternativas: ou não votar e deixar o PT aumentar ainda mais a porcentagem de álcool, ou tinha que votar no estabelecimento de um limite nada seguro no carro. Como se não houvesse a possibilidade da Câmara de barrar o projeto e exigir pelo menos a permanência dos 27,5%. A medida foi encarada como uma contradição aos princípios liberais que defendem menos intervenção estatal.
Mas o que aconteceu recentemente não tem nenhuma justificativa. Nesta guerra entre Nando Moura e MBL (ressaltando que o texto não é nenhuma defesa ou exaltação do Nando, mas apenas contextualização), o influenciador expôs uma das lives do MBL publicada no YouTube, na qual Renan Santos, um dos principais cabeças do movimento, desprezou uma trabalhadora comum, uma mulher chamada Priscila Marçal. O motivo? É que o playboy que nunca trabalhou de verdade na vida achava um absurdo a Patrícia anunciar na internet um curso digital chamado: Pudim Perfeito.
No contexto da fala, Renan estava apresentando a sua visão da geração millennials. Na sua ótica, esta é a geração mais frustrada e revoltada de todas, porque foi dada a ela várias promessas de um mundo perfeito: caso eles trabalhassem duro, fizessem faculdade e, por fim, empreendessem aplicando tudo isso, a estabilidade viria. O que é uma fala um tanto superficial. Mas enfim, Renan disse que, ao se deparar com a frustração de ter diploma de faculdade na mão e o bolso vazio, o "jovem millennial" passa a imergir nas conversas enganosas de coaches picaretas da internet, o que levaria muitos desta geração para um abismo humilhante. Por fim, esses jovens passariam a enxergar como única solução das suas vidas, o ingresso em cursos online para aumentar sua renda.
Neste momento de análise das felinas, tão profunda quanto um pirex, um dos assessores do programa colocou na tela o curso da Priscila: Pudim Perfeito. E foi exatamente nesta ocasião que começou o show de horror da oncinha Renan. Ele debochou do nome da Priscila Marçal por ter o mesmo sobrenome de Pablo Marçal que, segundo eles, é um picareta coach, e logo, acabaram associando ela a um suposto picareta. Além disso, eles desmereceram o trabalho dela também, por ser algo aparentemente simples. Chamou o trabalho dela de desgraçado, só porque ela colocou um valor realista, de 500 a 700 reais por semana, que as pessoas poderiam alcançar, caso aplicasse a estratégia dela de vendas.
Depois da exposição de Nando Moura, Renan fez uma live para tentar justificar o injustificável. No fim, o que ele fez foi apresentar o contexto, presumindo que ele é autoexplicativo; não acrescentou nada relevante em sua defesa. Ficou chamando Nando de burro e, por fim, não pediu desculpas para Priscila, que para ele que é um influenciador político que se intitula representante do brasileiro comum e do pequeno empreendedor, era o mínimo. Além de não pedir desculpas, acusou a trabalhadora, dizendo que ela aproveitou o hype para vender mais pudim. Enfim, nota-se que para o Renan, fazer e vender pudim de forma honesta é uma coisa humilhante. Bom mesmo é aumentar o álcool na gasolina e gastar 40 mil reais com o dinheiro roubado dos impostos, em papelões para um vídeo clipe de Power Rangers. Este é o último prego no caixão da credibilidade do MBL. Um movimento contra os trabalhadores humildes, que explora o fundão e que está totalmente mergulhado na velha politicagem.
Esses episódios revelam uma verdade que somente os libertários defendem: que o liberalismo político, quando institucionalizado, tende ao fracasso. E quanto mais você almeja o poder centralizador estatal, mais corrompido você se tornará. A crença de que é possível limitar o estado e torná-lo eficiente, é uma ilusão. O liberalismo, ao aceitar a existência do estado, já se compromete com sua lógica, pois o estado é violento, coercitivo, burocrata e corrupto por natureza. O Estado não é um instrumento neutro que pode ser moldado conforme princípios éticos. Ele é um aparato de poder que se alimenta da servidão e da alienação coletiva.
A história do MBL é apenas mais um capítulo da tragédia estatista. Um movimento que nasceu com promessas de liberdade, mas que terminou defendendo políticas estatistas e centralizadoras, como o aumento do álcool na gasolina. Um grupo que dizia representar a iniciativa privada, mas que passou a desprezá-la. Um projeto que se dizia contra o estado, mas que agora usufrui do dinheiro roubado dos pagadores de impostos para fazer seu marketing amador. O liberalismo falha porque não ousa romper com a estrutura que sustenta a opressão. Ele tenta reformar o cárcere, pintar as grades de cores inofensivas, tornar a cela mais confortável, colocar roupas de bailarina nos presidiários, mas não enxerga que um cárcere nunca vai mudar sua natureza.
A solução não está em limitar o estado, mas em abolir sua existência. O estado é, por definição, uma entidade monopolista da violência. Ele se impõe pela força, tributação compulsória, pela regulamentação arbitrária. Ele não serve ao povo, ele se serve do povo. Toda tentativa de torná-lo mais justo, mais eficiente, mais ético, é uma tentativa de domesticar o lobo. O estado não pode ser reformado, apenas extinto. A liberdade não pode coexistir com a coerção institucionalizada. A verdadeira liberdade exige a ausência de um ente que se arrogue o direito de decidir sobre a vida, propriedade e contratos dos indivíduos. O estado é a negação da autonomia, a antítese da responsabilidade individual, o inimigo da cooperação voluntária.
O fracasso do MBL é, portanto, o fracasso do liberalismo que se recusa a ser radical. Que se contenta com reformas, com ajustes, com concessões. Que acredita que é possível mudar o sistema sem romper com ele. Mas o sistema é feito para absorver, para corromper, para domesticar. E foi isso que aconteceu com o MBL. Eles foram engolidos, transformados, neutralizados. Tornaram-se mais um grupo político ordinário, que defende privilégios e despreza o povo.
Portanto, o MBL merece nosso repúdio não apenas por sua incoerência, mas por sua traição. Traíram seus fundamentos, seus apoiadores, sua missão. E ao fazerem isso, revelaram a falência do projeto liberal que acredita na domesticação do leviatã. A liberdade não será conquistada por meio de partidos, de eleições, de fundos públicos. Ela será conquistada pela coragem de romper com a ideia da existência de um Estado, seja ele grande ou pequeno.

Referências:

Vídeo do Nando Moura expondo a fala do Renan.
https://www.youtube.com/watch?v=uGyvYSHprBE&t=924s

Defesa do Kim Kataguiri sobre o álcool na gasolina.
https://www.youtube.com/shorts/_TRvdM1VQk0

O vídeo do Renan na íntegra. Minuto 1:30:00 - 1:50:00.
https://www.youtube.com/watch?v=8-vrTKw17HY

Sobre a reação do Renan depois do desprezo que ele fez da mulher que vende pudim - PEGUE OS MINUTOS DEPOIS - 22 de agosto.
https://www.youtube.com/watch?v=O06_Bn21i34

Renan criticando o libertarianismo.
https://www.youtube.com/watch?v=TlkSDHPoOn0