A recente invasão terrorista do Hamas no território israelense e seus desdobramentos, demonstram como o estado é incapaz de resolver os problemas que se propõe a solucionar.
O grande tema do noticiário geopolítico da atualidade é a situação em Israel. Ou, de forma mais específica, as repercussões do ataque vil, cruel e terrorista perpetrado pelo Hamas contra a população civil de Israel, no dia 7 de outubro. As notícias correram o mundo, e imagens perturbadoras deram conta do nível de brutalidade adotado pelos terroristas do Hamas. E, logo na sequência, o governo israelense afirmou estar se movimentando para iniciar a guerra contra o grupo islâmico - algo que, de fato, já começou. Até o momento, o número de mortos já se aproxima dos 2 mil - grande parte destes sendo civis inocentes.
O exército israelense está se preparando para uma possível invasão por terra da Faixa de Gaza - local onde se concentram os terroristas do Hamas. Cerca de 300 mil reservistas já foram convocados pelo governo de Israel. Com essa situação, existe o temor de que possa haver uma escalada no conflito, com o envolvimento de outros grupos terroristas que atuam na região. Até mesmo o apoio de outros países ao Hamas - como Irã e Rússia - não está totalmente descartado.
Porém, de forma geral, as ações do Hamas têm sido condenadas por praticamente todo mundo, sendo classificadas como aquilo que elas realmente são - atos terroristas. Exceto, é claro, por alguns esquerdistas desmiolados. Além de ditadores socialistas aliados do Lula, como Daniel Ortega, Gustavo Petro e Nicolás Maduro, também a grande mídia brasileira tem passado pano para as ações do Hamas. Até mesmo a política de esquerda, Luciana Genro, declarou seu apoio ao grupo extremista! De qualquer forma, entre a opinião pública majoritária, os atos criminosos do Hamas não possuem qualquer tipo de justificativa plausível.
O fato, porém, é que, como bem sabemos, este é apenas mais um episódio de uma história que, infelizmente, deve ter ainda muitos capítulos - a crise dos conflitos na Palestina. Desde a constituição do moderno estado de Israel, ainda na primeira metade do século 20, sucessivos conflitos vêm castigando os moradores daquela histórica região. E a causa dessa situação é, como sempre, a incompetência estatal em resolver conflitos. Nesse caso específico, a incompetência de vários estados diferentes.
Por acaso, no dia 13 de setembro deste ano, se completaram 30 anos da assinatura dos Acordos de Oslo que, supostamente, deveriam dar um fim aos conflitos na Palestina. A expectativa era tão grande que, em 1994, menos de um ano após a assinatura dos tratados, seus principais signatários foram laureados com o Prêmio Nobel da Paz. Ficou famosa, na época, a foto do então presidente norte-americano, Bill Clinton, junto com Yitzhak Rabin, líder israelense, e Yasser Arafat, presidente da então Organização para a Libertação da Palestina (OLP).
Os principais pontos desses acordos envolviam o fim dos conflitos na região, a negociação sobre territórios ocupados, a saída de Israel do sul do Líbano e a determinação do status de Jerusalém. Além disso, a OLP foi considerada legítima representante do povo palestino, passando a constituir, a partir daí, a Autoridade Palestina (AP). Pelos termos do tratado, a AP governaria a Palestina por um período de 5 anos, até que eleições livres fossem convocadas. A verdade, porém, é que, desde então, a Autoridade Palestina continua à frente do governo do país.
Mahmoud Abbas é o presidente palestino desde 2005, governando por decretos, uma vez que o Parlamento do país foi suspenso inúmeras vezes de lá para cá. Em 2006, após a eleição de Abbas, um grupo extremista - o próprio Hamas - se fortaleceu nas eleições parlamentares, e passou a pressionar o governo da Autoridade Palestina. Por isso, o presidente dissolveu o parlamento do país, logo na sequência. Como resposta, o Hamas ocupou a Faixa de Gaza, o que implica dizer que, na prática, existem 2 governos paralelos na Palestina desde então.
A verdade é que qualquer palestino com menos de 35 anos de idade nunca votou em eleições gerais no país, dado o grau de confusão política e social em que se encontra. Nas palavras de Diana Buttu, uma advogada palestina que já foi porta-voz da OLP: “Virou uma ditadura governada por aqueles que não foram eleitos, sem nenhuma ligação real com qualquer processo político”. Esse tipo de cenário deixa claro como os acordos de Oslo, costurados pelos Estados Unidos, acabaram se mostrando um grande fracasso ao longo dos anos.
Mas, afinal de contas, quem tem razão no conflito Israel x Palestina? Quem realmente tem autoridade sobre aqueles territórios? Em primeiro lugar, é importante frisar que o Hamas não é um sinônimo para “povo palestino”. Assim como em qualquer outro país, o povo palestino é tipicamente pacífico, e só quer viver sua vida em paz. Porém, existe um grupo extremista e criminoso que ocupa as instâncias estatais na Faixa de Gaza, e que impõe um império de terror a essas pessoas, e aos cidadãos de territórios vizinhos. O que tem acontecido em Israel, nos últimos dias, é o ataque desse grupo terrorista, o Hamas, a um país vizinho.
Isso posto, precisamos recorrer ao ponto libertário sobre essa questão. Se você quiser uma explicação mais detalhada sobre as raízes do conflito e sobre os argumentos da ética libertária, recomendamos o vídeo: “Entre Israel e Palestina quem tem razão?”, no canal ANCAPSU Classic - link na descrição. De forma sucinta, porém, podemos afirmar que as soluções estatais para a questão palestina, inclusive a chamada “Solução de dois estados”, são respostas capengas a um problema que seria facilmente resolvido pela ética libertária.
A propriedade privada é a resposta mais correta para esse tipo de conflito. Afinal de contas, estamos falando, basicamente, de um problema de fronteiras, que são uma arbitrariedade estatal. Essas linhas imaginárias separam indivíduos e transformam pedaços de terra em áreas sujeitas aos desmandos de uma máfia estatal, à revelia de seus moradores. Todo o conflito palestino se resume nisso: um ente mafioso se julga no direito de impor suas leis e desejos a todos os indivíduos que vivem em determinada porção de terra.
Agora, se essa situação fosse tratada exclusivamente pela ética libertária, não haveria o que se discutir: cada um é dono do seu terreno, e age ali como bem entender. Temas como religião, costumes, moral e outras variantes das tendências culturais seriam tratados exclusivamente no âmbito da propriedade privada. Um sujeito muçulmano poderia ter uma casa ao lado de um judeu, sem qualquer tipo de interferência externa. Cada um poderia se expressar livremente, inclusive sob o aspecto religioso, em sua propriedade privada.
Esse cenário pode parecer utópico, mas esse é o grande objetivo por trás do libertarianismo: a paz social por meio da adoção da propriedade privada como solução de conflitos. Por outro lado, o que o estado fornece é algo muito menos eficiente - e bastante injusto: delimitar linhas imaginárias, obrigando todos os que vivem naquela região a se sujeitar às regras de determinado grupo político. Não é por acaso, inclusive, que quando esse tipo de acordo é firmado, é comum vermos um fluxo migratório de pessoas saindo de suas terras para se abrigar em outro local, devido a divergências culturais com o governo estabelecido. Se a coisa toda fosse tratada pela ótica da propriedade privada, absurdos como esse jamais aconteceriam.
De qualquer forma, por mais que o atual conflito em Israel envolva de tudo - desde política até religião, - o fato é que o estado, sendo incapaz de resolver esse tipo de problema, é o grande responsável por essa situação. Os Acordos de Oslo, concebidos para pôr um fim definitivo à guerra entre Palestina e Israel, apenas fizeram aflorar os ânimos extremistas entre os muçulmanos. Decorridos 30 anos da assinatura do tratado, a situação está pior do que nunca; e podemos estar diante do maior massacre de civis judeus desde a Segunda Guerra Mundial. Enfim, apenas os políticos e burocratas têm a proeza de criar uma solução para um problema que não apenas não o resolve em absoluto, como ainda o torna muito pior do que antes de sua intervenção.
AncapSU - Entre israel e palestina quem tem razão?
https://www.youtube.com/watch?v=CVPwadxMb1U