Centrão quer DERRUBAR o PRESIDENTE do BANCO CENTRAL pra impedir que o Banco Master quebre

Talvez eu seja muito curioso, mas não consigo deixar de me perguntar: por que cargas d'água o Centrão ficou tão alarmado quando o BC impediu que o BRB comprasse Banco Master?

O Brasil nunca falha em entregar um espetáculo tragicômico quando o assunto é a relação entre política e economia. É uma espécie de novela sem fim, na qual os personagens mudam, mas o enredo permanece o mesmo: o estado sempre encontra uma forma de parasitar a sociedade, sugar recursos daqueles que produzem e entregar privilégios para aqueles que orbitam os centros de poder. A notícia mais recente, publicada pelo Estadão, apenas confirma o roteiro: o Centrão quer acelerar o projeto que dá ao Congresso o poder de destituir o presidente do Banco Central. Parece um detalhe burocrático, uma tecnicalidade institucional, mas esconde um movimento muito maior — um movimento que, coincidentemente (ou não), surge no exato momento em que o Banco Master balança perigosamente à beira do precipício.

E aqui, meu amigo, é preciso fazer uma pausa e perguntar: por que será que o Centrão, essa entidade tão ideologicamente neutra quanto um chuchu, que concentra o que há de mais fisiológico e oportunista na política brasileira, de repente se tornou tão interessado na cadeira de Gabriel Galípolo, presidente do Banco Central? Por que tamanha pressa em aprovar um projeto que, em tese, aumentaria o poder de fiscalização do Congresso sobre a autoridade monetária? Será mesmo preocupação com a “governança institucional” do país? Será zelo pela democracia? Ou será que há algo mais concreto — e muito mais rentável — em jogo?

Quem acompanha de perto o noticiário sabe que o Banco Master, uma instituição financeira de médio porte, está enfrentando graves dificuldades. E não se trata apenas de uma dor passageira. Há risco real de quebra, e com a quebra vem a temida palavra que atormenta economistas e políticos: risco sistêmico. Isso significa que a falência do banco poderia iniciar uma reação em cadeia capaz de afetar todo o sistema bancário brasileiro. O problema é que, para evitar esse cenário, o estado já ensaia seus movimentos de sempre: preparar um resgate bilionário, usar o nosso dinheiro para salvar um banco privado que, em condições normais, deveria arcar sozinho com as consequências de sua má gestão e de suas escolhas de risco.

Mas claro, como em toda boa novela política, ninguém fala disso de forma explícita. O que aparece no noticiário é o debate sobre “autonomia do Banco Central”, sobre “instrumentos de supervisão”, sobre “mecanismos de governança”. Tudo muito técnico, muito elegante. A plateia distraída pode até acreditar que o Centrão, de repente, virou um defensor da estabilidade monetária. Só que basta ligar os pontos para perceber que a pressa em tomar as rédeas do Banco Central coincide com o timing da crise do Banco Master. Coincidência? Talvez. Mas, em se tratando de políticos, principalmente do centrão, duvido muito que seja.

E aqui entra a parte mais divertida — ou mais trágica, dependendo do seu nível de tolerância à hipocrisia. O discurso oficial, quando se fala em resgate bancário, é sempre o mesmo: “precisamos preservar a estabilidade do sistema financeiro”, “temos de evitar um efeito dominó”, “é para proteger o pequeno poupador”. Esse último argumento, inclusive, vem sempre embalado pela propaganda em torno do Fundo Garantidor de Créditos, o famoso FGC. Você já deve ter ouvido falar dele: é aquele mecanismo que, em tese, assegura até R$ 250 mil por CPF e por instituição, caso um banco quebre.

Bonito, não é? Dá uma sensação de segurança quase maternal, e muita gente acaba investindo sem medo quando ouve aquele Youtuber meio coach dizendo que um ativo é protegido pelo FGC. O problema é que, como quase tudo o que o estado promete, trata-se de uma ilusão. A verdade nua e crua é que o FGC não tem dinheiro suficiente para segurar uma crise de grande porte. No caso específico do Banco Master, estima-se que 60% de todos os recursos do fundo seriam consumidos apenas para cobrir os prejuízos de sua quebra. Sessenta por cento! Isso significa que, se o Master cair, o FGC praticamente colapsa junto. E aí, meu amigo, qual seria a solução? Adivinhe: mais dinheiro público, mais impostos, mais inflação e mais dívida pra você pagar. O velho truque de sempre.

E é justamente aqui que o libertário se desespera diante da ingenuidade de quem ainda acredita nesse arranjo. Porque, veja bem, do ponto de vista da ética libertária, não há justificativa para usar recursos extraídos coercitivamente da população — impostos — para salvar uma instituição privada. Bancos são empresas como quaisquer outras. Assumem riscos, fazem apostas, lucram quando acertam e deveriam arcar com prejuízos quando erram. É o básico do capitalismo. Mas no capitalismo de compadres que vigora no Brasil (e no mundo), a lógica é outra: lucros são privados, prejuízos são socializados.

E não se engane: a quebra do Banco Master pode, de fato, gerar instabilidade no setor bancário. Não estamos minimizando o risco. O sistema financeiro é altamente interconectado, e um banco de médio porte em apuros pode arrastar outros com ele. Mas ainda assim, isso não justifica um salvamento estatal. O risco sistêmico, nesse caso, não é argumento para ampliar a intervenção do estado — é, ao contrário, uma prova de que o modelo atual, centralizado e monopolizado, é estruturalmente frágil. É um castelo de cartas montado em cima da confiança cega de que sempre haverá um governo disposto a imprimir dinheiro ou confiscar recursos para evitar o colapso.

Aliás, se há uma lição que deveríamos ter aprendido com a crise de 2008 é justamente essa. Foi a indignação com o salvamento de bancos podres pelos governos, à custa do pagador de impostos, que inspirou a criação do Bitcoin. No bloco gênese da blockchain, Satoshi Nakamoto deixou registrada a manchete do jornal The Times: “Chancellor on brink of second bailout for banks” (“Ministro à beira de um segundo resgate para os bancos”). Não foi coincidência. O Bitcoin nasceu como uma resposta a esse conluio promíscuo entre bancos e governos, como uma alternativa de dinheiro descentralizado, imune às manipulações da política monetária e ao parasitismo estatal.

E aqui está a verdadeira saída para quem não quer ser vítima dessa engrenagem perversa. Não adianta acreditar em promessas de políticos, nem em propagandas institucionais do FGC, alardeada pelos gurus de investimento que não sabem, ou, mais provavelmente, fingem não saber, que o FGC é uma mentira. Tampoco em relatórios técnicos de economistas engravatados. Tudo isso é cortina de fumaça. O indivíduo que deseja proteger seu patrimônio contra a combinação explosiva de má gestão bancária e intervencionismo estatal precisa buscar refúgio em ativos que escapem desse circuito. E, nesse sentido, o Bitcoin é mais do que uma moeda digital: é um ato de resistência.

“Ah, mas e a volatilidade?”, alguém sempre pergunta. Sim, o preço do Bitcoin sobe e desce como uma montanha-russa. Mas, diferentemente do real, do dólar e de qualquer moeda estatal, ele não pode ser inflado ao bel prazer de políticos em busca de popularidade. A oferta é limitada, as regras são transparentes, o controle é descentralizado. Em um mundo onde sequer exista a possibilidade remota do Centrão decidir, da noite para o dia, destituir o presidente do Banco Central para proteger seus próprios interesses, ter uma reserva em Bitcoin é, no mínimo, um seguro de liberdade.

E, convenhamos, não dá para levar a sério o argumento de que o estado age “para proteger o pequeno poupador”. Quem acompanha a história recente sabe que, quando o bicho pega, o estado protege primeiro os grandes. O pequeno, no máximo, recebe migalhas e promessas vazias. Foi assim na década de 90, quando Collor confiscou a poupança. Foi assim em 2008, quando trilhões foram usados para salvar bancos enquanto famílias perdiam suas casas. E será assim novamente, caso o Banco Master entre em colapso.

Portanto, meu amigo, não se deixe enganar pelo discurso solene do Centrão. O que está em jogo aqui não é a “responsabilidade institucional”, mas sim a perpetuação de um sistema que garante privilégios a poucos e transfere os custos para muitos. O risco sistêmico é real, mas a solução não é mais estado — é menos. Não é dar ao Congresso o poder de destituir o presidente do Banco Central, como se isso fosse resolver alguma coisa. Mas sim, acabar com a própria existência do Banco Central. É retirar do estado o poder de manipular a moeda, de controlar o crédito, de impor monopólios que tornam todo o sistema refém de meia dúzia de políticos e banqueiros.

No fim das contas, o episódio do Banco Master serve como mais um alerta. O sistema bancário brasileiro, assim como o internacional, é uma máquina de riscos concentrados e de falsas garantias. O FGC é um escudo de papelão que pode se desmanchar ao primeiro impacto sério. O Banco Central é um feudo capturado por interesses políticos, e o Centrão não esconde mais sua vontade de colocar as mãos nesse poder. Diante disso, a única atitude sensata é assumir a responsabilidade individual pelo próprio patrimônio.

Você pode até continuar usando bancos para transações do dia a dia, porque, infelizmente, ainda vivemos em um mundo dominado por eles. Mas, se quiser dormir tranquilo, comece a considerar alternativas. Guarde parte em ativos reais, como ouro. E, sobretudo, estude o Bitcoin. Entenda por que ele existe, como funciona, e por que foi criado justamente como resposta ao que estamos testemunhando agora: políticos e banqueiros unidos para salvar uns aos outros às custas da população.

Se depender do Centrão, prepare-se para mais do mesmo. Mais impostos, mais inflação, mais manipulação monetária. Mas, se depender de você, há sim uma saída. A liberdade financeira não virá de Brasília, nem de discursos no plenário do Congresso. Ela virá da sua decisão individual de não ser mais refém desse arranjo podre.

E, no fim das contas, talvez seja irônico, mas também poético: o Centrão, ao tentar salvar seus aliados e capturar o Banco Central, pode acabar empurrando mais brasileiros para o Bitcoin. E aí, meu amigo, nenhum projeto de lei, nenhuma manobra regimental, nenhum fundo garantidor será capaz de deter a marcha da liberdade.


Referências:

https://www.estadao.com.br/economia/centrao-quer-acelerar-projeto-que-autoriza-o-congresso-a-destituir-presidente-do-banco-central/