Enquanto as pessoas querem viver em paz e cooperar no mercado, governos idiotas e autoritários estão dispostos a destruir a vida de milhões de pessoas devido a uma disputa idiota numa fronteira que nem deveria existir. Será o início de uma grande guerra?
O recente confronto entre Tailândia e Camboja, com suas vítimas mortais e milhares de desabrigados, representa mais um episódio trágico numa interminável disputa por fronteiras que poderia ter sido resolvida mediante a delimitação do direito à propriedade privada para os verdadeiros donos e moradores do local. O absurdo de nações recorrerem a tanques e armas pesadas para decidir sobre linhas imaginárias no mapa — uma controvérsia que se arrasta por gerações — evidencia como o conceito de Estado-nação e o sistema diplomático global estão fundamentalmente quebrados.
Na noite de 23 de julho, uma quarta-feira, o governo da Tailândia retirou seu embaixador do Camboja e anunciou a expulsão do embaixador cambojano em Bangkok. O estopim para esse rompimento ocorreu porque, conforme a agência Reuters, dois soldados perderam partes do corpo ao pisar em uma mina terrestre que teria sido colocada recentemente em uma área disputada na fronteira. Segundo autoridades tailandesas, essas minas foram instaladas em locais que, devido a um acordo mútuo entre ambos os países, deveriam ser seguros para o tráfego de pessoas. Essa informação foi rejeitada pelo governo cambojano, que a rotulou como “acusações infundadas”, ressaltando que muitas minas e outros artefatos explosivos não detonados, na verdade, são heranças de guerras do século passado que ocorreram na região.
Por trás das declarações oficiais e das manchetes de jornais, há histórias reais de sofrimento humano. Enquanto políticos e generais discutem soberania em gabinetes refrigerados, mães choram filhos mortos, agricultores veem suas plantações destruídas e crianças perdem o direito a uma infância normal. Os recursos desperdiçados nesse conflito — que poderiam alimentar famílias, construir escolas ou desenvolver comunidades — são transformados em fumaça e estilhaços por governos obcecados com pedaços de terra.
Claro que, em meio a esse conflito desnecessário, o governo de cada país está culpando o adversário por iniciar o confronto armado em uma área bastante disputada na fronteira. Tudo começou com tiros de armas leves, e a situação escalou para intensos bombardeios em diversos locais, ao longo de 209 km de fronteira. Cabe lembrar que essa disputa não é algo recente, já que existe há mais de um século. Não demorou para que o governo dos Estados Unidos, aliado histórico da Tailândia por tratado, exigisse uma “cessação imediata das hostilidades, proteção aos civis e uma solução pacífica”. Já o primeiro-ministro da Malásia, Anwar Ibrahim, que também é presidente da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), da qual Tailândia e Camboja são membros, revelou que teve conversas com os líderes de ambos os países e os incentivou a buscar uma saída pacífica.
(Sugestão de Pausa)
A comunidade internacional, com suas organizações caras e ineficientes, limita-se a emitir comunicados preocupados enquanto mantém intacto o sistema que gera esses conflitos. A ONU, prisioneira da própria estrutura que privilegia a soberania estatal sobre as necessidades reais das pessoas, mostra-se incapaz de oferecer soluções práticas. No fim, são sempre os mesmos que pagam o pato: trabalhadores, camponeses e famílias comuns que só querem viver em paz, mas se veem reféns de disputas por fronteiras que nada mais são do que rabiscos no mapa feitos por políticos em mesas de negociação.
Há alternativas. Um mundo onde comunidades pudessem estabelecer seus próprios acordos voluntários, sem a imposição de governos centralizados, seria capaz de resolver essas disputas sem derramamento de sangue. Mas, enquanto prevalecer a lógica dos Estados — com sua obsessão por controle territorial e sua máquina de guerra —, continuaremos vendo cenas como essas se repetirem indefinidamente, com o povo sempre pagando o preço mais alto por jogos de poder dos quais nunca escolheu participar.
O templo Ta Moan Thom, centro da disputa atual, é um símbolo perfeito de como a imposição da soberania estatal sobre recursos e territórios gera violência desnecessária. Se as comunidades locais tivessem autonomia para negociar diretamente o uso e o acesso a esses locais, não haveria necessidade de mobilizar aviões de combate e artilharia.
A militarização estatal está asfixiando a economia orgânica que sempre floresceu na região fronteiriça. Onde antes havia mercados vibrantes e trocas voluntárias entre tailandeses e cambojanos, agora há postos militares e barreiras. Rotas comerciais que sustentavam famílias por décadas foram abruptamente fechadas, pequenos empreendedores perderam tudo, e a cooperação natural entre vizinhos foi substituída por uma hostilidade artificial fabricada por governos distantes. O mais cruel é que esses mesmos Estados que destruíram a economia local agora se apresentam como "salvadores", oferecendo migalhas de ajuda humanitária após terem criado o desastre.
(Sugestão de Pausa)
A presença de minas terrestres, mencionada no conflito, ilustra como as guerras estatais deixam legados de destruição que persistem por décadas. O Camboja ainda possui milhões de minas terrestres remanescentes de sua guerra civil e de outros conflitos do século XX, que continuam mutilando e matando civis inocentes anos após o fim dos conflitos. Isso demonstra como a violência estatal cria problemas que se perpetuam muito além das guerras iniciais.
A resposta da comunidade internacional também revela sua impotência. Organizações como a ASEAN, a Associação de Nações do Sudeste Asiático, e mediadores como a China oferecem "diálogo" e "resolução pacífica", mas essas são apenas palavras vazias que não abordam as causas fundamentais do conflito. Enquanto existirem Estados centralizados com poder para impor fronteiras e mobilizar exércitos, esses conflitos continuarão a se repetir. O precedente estabelecido por este conflito é extremamente perigoso. Outros países da região, que também têm disputas territoriais não resolvidas, podem interpretar a escalada militar como um sinal de que a força é uma opção viável para resolver disputas. Isso pode levar a uma corrida armamentista regional e a mais conflitos semelhantes.
A imprensa tradicional trata os confrontos na fronteira como um espetáculo inevitável, reforçando a ideia de que disputas territoriais devem ser resolvidas com tanques e bombas. Em vez de questionar a lógica absurda que faz vizinhos se matarem por pedaços de terra, os noticiários se limitam a reproduzir narrativas oficiais, discutindo qual governo tem mais "direito" sobre determinadas coordenadas geográficas. Essa cobertura superficial ignora um fato fundamental: fronteiras são convenções políticas, não imperativos naturais, e nenhuma linha imaginária no mapa justifica a destruição de vidas e comunidades.
A perspectiva libertária enxerga nesse conflito a prova definitiva da falência do modelo de Estados-nação e de toda a centralização de poder em grupos de políticos e burocratas. A solução não está em reformar a diplomacia internacional, mas em substituí-la por arranjos voluntários entre indivíduos e comunidades. Fronteiras políticas são ficções violentas que ignoram as conexões orgânicas entre as pessoas, enquanto direitos de propriedade privada oferecem um mecanismo civilizado para resolver disputas.
(Sugestão de Pausa)
O templo Ta Moan Thom, atualmente usado como pretexto para derramamento de sangue, poderia ser administrado de forma muito mais racional por uma associação privada ou consórcio comunitário. Visitantes de ambos os lados da atual fronteira pagariam para acessar o local, gerando prosperidade em vez de conflito. A história mostra que sítios culturais e religiosos florescem quando livres do controle estatal — basta ver como cidades-santuário medievais funcionavam como zonas neutras antes da obsessão moderna com fronteiras rígidas. O comércio, não as armas; o contrato, não a força bruta — esses são os princípios que podem transformar zonas de conflito em áreas de cooperação. Mas, enquanto a ficção das fronteiras soberanas persistir, a violência estatal seguirá sendo tratada como normal, e civis continuarão pagando o preço por disputas que nunca foram deles.
Em um sistema libertário, as disputas sobre o uso da terra seriam resolvidas por meio de direitos de propriedade claramente definidos, que seriam levados em conta em tribunais de arbitragem privados. Se uma comunidade local tivesse direitos de propriedade sobre o templo e as terras circundantes, ela teria incentivos para maximizar o valor desses recursos por meio de uso pacífico e produtivo. Árbitros privados, escolhidos voluntariamente pelas partes em conflito, teriam incentivos para encontrar soluções justas e eficientes, porque sua reputação e sustento dependem de sua capacidade de resolver disputas de forma satisfatória. Estados, por outro lado, têm incentivos para perpetuar conflitos, pois isso justifica sua existência e poder.
O modelo de segurança privada também apresenta vantagens evidentes sobre os exércitos estatais quando analisamos resultados práticos. Empresas especializadas em proteção precisam demonstrar eficiência constante para manter clientes, operando com precisão cirúrgica para minimizar danos colaterais — afinal, cada bala perdida representa prejuízo financeiro e risco à reputação. Já os exércitos convencionais, sustentados por impostos compulsórios e blindados contra consequências financeiras, recorrem frequentemente a operações de alto impacto com custos humanos inaceitáveis. E as forças armadas estatais estão mais propensas à corrupção e estão pouco se lixando para as vítimas inocentes das guerras.
(Sugestão de Pausa)
A transformação educacional proposta pelo libertarianismo poderia ajudar a reescrever as bases do convívio social. Imagine gerações formadas nos princípios da não-agressão e da cooperação voluntária graças ao capitalismo. Elas rejeitariam naturalmente as aventuras belicistas que hoje mobilizam nações inteiras. Quando as pessoas compreendem que a prosperidade nasce do comércio e não da conquista, os discursos nacionalistas perdem poder de convencimento. O atual sistema educacional, controlado pelo Estado, ensina paradoxalmente as crianças a glorificar guerras do passado enquanto prega paz no presente.
As ferramentas do século XXI estão justamente desafiando o conceito arcaico de fronteiras. Plataformas de comércio digital como o Bitcoin e redes de comunicação global criam uma nova geografia, invisível aos mapas políticos, mas real na vida das pessoas. Enquanto governos brigam por metros quadrados de terra, cidadãos de países supostamente inimigos negociam, colaboram e prosperam por meio dessas novas rotas digitais, demonstrando na prática a irrelevância crescente das divisas territoriais.
A resolução definitiva para conflitos como o da fronteira tailandesa-cambojana exige coragem para questionar o próprio conceito de Estado-nação. Em vez de gastar energia ajustando um sistema falido por meio de conferências diplomáticas intermináveis, a verdadeira solução está na construção gradual de alternativas baseadas em propriedade privada e associação voluntária. A receita libertária está pautada na secessão e descentralização, afinal, todos os povos têm o direito a autodeterminação. Pode soar como idealismo hoje, mas é a única abordagem que ataca a raiz do problema: o monopólio estatal sobre territórios e o uso da força.
O sangrento impasse no Sudeste Asiático serve como alerta: enquanto existirem governos com enorme poderio militar para traçar fronteiras e sacrificar vidas em sua defesa, a humanidade continuará refém dessa lógica belicista. O caminho libertário propõe uma revolução silenciosa — não com armas, mas com contratos; não por meio de decretos, mas de livre iniciativa. A paz verdadeira não virá de tratados entre Estados, mas da emancipação dos indivíduos e comunidades desse paradigma obsoleto de organização social.
https://veja.abril.com.br/mundo/lider-da-tailandia-alerta-camboja-de-que-confrontos-podem-desencadear-uma-guerra/
https://cdn.mises.org/For%20a%20New%20Liberty%20The%20Libertarian%20Manifesto_3.pdf
https://nae.com.pt/wp-content/uploads/The-Road-to-Serfdom-F.-A.-von-Hayek.pdf
https://24noticias.sapo.pt/atualidade/artigos/hoje-e-noticia-conflito-na-tailandia-sismo-na-madeira-e-negociacoes-entre-ucrania-e-russia?utm_source=SAPO_HP&utm_medium=web&utm_campaign=destaques
https://sicnoticias.pt/mundo/2025-07-25-estara-a-comecar-mais-uma-guerra--primeiro-ministro-da-tailandia-diz-que-e-possivel-98783ccb?sfnsn=wa