O estado do Texas, no sul do território norte-americano, tem fortalecido a vigilância contra a imigração ilegal - que ocorre com frequência em seu território, por conta de sua proximidade com o México. No fim do ano passado, o estado aprovou leis mais rígidas, no que se refere ao controle da imigração ilegal - com a previsão de deportação de imigrantes e um investimento bilionário na construção do famigerado muro que separa os dois países. O estado também iniciou a instalação de barreiras flutuantes no Rio Grande, para dificultar sua travessia, além de realizar a prisão de milhares de imigrantes ilegais nas últimas semanas. Acredite ou não, mas o Texas, inclusive, já tem enviado ônibus com imigrantes ilegais para outros estados - tipicamente democratas.

Contudo, essa situação tem se tornado crítica nos últimos dias. A verdadeira crise que se formou, antagonizando o governo do Texas e o governo de Joe Biden, tem se arrastado desde o dia 10 de janeiro. Nessa data, a Guarda Nacional do Texas impediu a Patrulha de Fronteira, um órgão federal, de acessar o Parque Shelby - local frequentemente usado para a travessia ilegal da fronteira com o México. Foi aí que começaram, pra valer, os atritos entre o governo de Gregory Wayne Abbott e Joe Biden.

Nas palavras de Greg, governador do Texas: “O Poder Executivo dos Estados Unidos tem o dever constitucional de fazer cumprir as leis federais que protegem os estados, incluindo as leis de imigração atualmente em vigor”. Supostamente, de acordo com o texano, o governo não estaria fazendo isso, e segundo ele: “O presidente Biden recusou-se a fazer cumprir essas leis e até as violou. O resultado é que bateu recordes de imigração ilegal”. Por isso, para o governador, medidas drásticas precisariam ser tomadas.

Contudo, logo na sequência, no dia 12, uma mulher e duas crianças morreram tentando atravessar o Rio Grande, na altura do citado parque. Por conta disso, o governo Biden criticou o governo do Texas pelas restrições, colocando a culpa do incidente no governador, e dando um prazo até o dia 17 de janeiro para que o acesso ao parque fosse restabelecido. Porém, as ameaças não surtiram efeito. No dia 15 de janeiro, um agente da Patrulha da Fronteira atravessou uma estrada de acesso ao parque e terminou por ser interrogado por um agente da Guarda do Texas. Nesse mesmo dia, o governo Biden acionou a Suprema Corte dos Estados Unidos contra o governo estadual.

No dia 22, portanto, a Suprema Corte dos Estados Unidos - numa decisão equilibrada, 5 votos a 4 - permitiu que agentes federais retirassem as barreiras contra imigração instaladas no Texas, mesmo à revelia do governo estadual. Segundo a Suprema Corte, o arame farpado instalado no Parque Shelby representaria um perigo tanto para os agentes, quanto para os imigrantes. Por óbvio, o governo do Texas não ficou satisfeito com essa decisão. Como resposta, Greg afirmou, no dia 25, que vai colocar ainda mais cercas na fronteira. No dia 26, encerrou-se o 2º prazo dado pelo governo federal para a reabertura do acesso ao parque. Atualmente, a situação se encontra em um tenso impasse.

Só que essa crise não parou por aí: a coisa foi muito além do estado do Texas. Nada menos que 25 estados norte-americanos, o equivalente à metade da união, manifestaram publicamente o seu apoio ao governo do Texas. Dentre eles, encontram-se alguns estados que ajudaram a eleger Joe Biden no passado: Geórgia, Nevada, New Hampshire e Virgínia. Segundo os governadores, trata-se de um apoio “incondicional” ao Texas. A alegação dos revoltosos é de que a própria Suprema Corte estaria agindo contra a Constituição que os estados querem defender. O quão incondicional seria esse apoio, nós ainda não sabemos.

A verdade é que o estado do Texas tem, sim, motivos para se preocupar com a questão da imigração ilegal. Afinal de contas, esse tem sido um problema crônico nos últimos meses, nos Estados Unidos. Acredita-se que, apenas em setembro do ano passado, 10 mil pessoas tenham entrado ilegalmente pela fronteira, na região da cidade de Eagle Pass, no Texas. Essa situação é tão caótica, que o próprio Joe Biden resolveu retomar a construção do tão criticado muro que separa os Estados Unidos do México, e que é tipicamente relacionado à administração Trump. Nós já falamos sobre isso no vídeo: “BIDEN vai voltar a CONSTRUIR o MURO na FRONTEIRA com o MÉXICO” - link na descrição.

Mas, afinal de contas, será que essa situação vai mesmo descambar para uma guerra civil? Bem, tudo depende da reação do governo norte-americano. Se Washington decidir usar a força para fazer valer a decisão da Suprema Corte, é bem provável que o governo do Texas termine por revidar. Ou seja: na prática, teremos uma guerra civil, embora ela não tenha necessariamente as proporções da famosa Guerra de Secessão do século 19. Até o momento, porém, parece que nenhum dos dois lados quer descambar para esse cenário extremo.

Embora seja sempre difícil fazer qualquer juízo de valor em casos como esse, a verdade é que existem, sim, evidências de que o governo Biden está favorecendo a imigração ilegal com objetivos políticos. Em um vídeo recente, o apresentador Tucker Carlson afirmou que existem estudos apontando para a existência de 22 milhões de imigrantes ilegais nos Estados Unidos, atualmente. Acontece que o partido democrata tem atuado ativamente no objetivo de conceder cidadania a esses imigrantes - o que, obviamente, lhes concederia, também, direito ao voto.

E como tipicamente imigrantes votam em candidatos democratas, isso poderia representar 22 milhões de votos a mais para Joe Biden nas eleições presidenciais deste ano. Só que a maior diferença histórica de votos numa eleição presidencial foi de apenas 17 milhões de votos. Ou seja: não é um exagero acreditar que Joe Biden estaria forçando a barra para conseguir ser reeleito e derrotar Donald Trump este ano.

Porém, existe, para além desse ponto, a definição dada pelo conceito chamado de “estratégia Cloward-Piven” - uma ideia criada em 1966, no contexto de análise de políticas públicas. Segundo esse conceito, existem situações em que diversas estruturas burocráticas buscam o colapso social por meio de crises orquestradas e bem imaginadas. Isso poderia ser alcançado por meio da sobrecarga da máquina pública com assistencialismo, e com um consequente endividamento estatal - uma dívida pública galopante. Nesse sentido, o fomento à imigração ilegal também ajudaria a sobrecarregar o sistema estatal, bem como a própria população. No médio e longo prazos, isso representaria uma crise institucional, que fortaleceria os poderes governamentais. Me diga se esse não parece, sem dúvidas, ser o atual cenário norte-americano?

A verdade é que, independentemente da existência de objetivos escusos, esse caso parece, sim, ser uma queda de braço entre republicanos e democratas. Até porque o próprio Donald Trump, por óbvio, tomou o lado do Texas nessa história. Porém, os problemas envolvidos são reais e não podem ser varridos para debaixo do tapete. Estamos falando, é claro, do problema da imigração e também do problema da centralização do poder.

Como libertários, nós sempre defenderemos que as fronteiras estatais não passam de linhas arbitrárias traçadas sobre um mapa, sobre as quais se estabelece aquilo que os estatistas chamam de “jurisdição” e “soberania”. Esse tema já foi abordado à exaustão neste canal e também em canais semelhantes - como AncapSU Classic. Contudo, a verdade é que, enquanto não há uma sociedade verdadeiramente libertária, as fronteiras abertas podem ser um grande problema, pois além da sobrecarga nos serviços públicos, as ruas e estradas são controladas pelo governo. Sem proprietários privados de ruas e estradas, fica impossível de decidir quem pode acessar tal local ou não, assim, o governo consegue permitir um caos imigratório como Biden tem feito. Nós falamos sobre isso recentemente, aqui no canal, no vídeo: “As FRONTEIRAS ABERTAS não funcionam para PEQUENOS PAÍSES” - link na descrição. E isso é uma verdade para pequenos países, mas também para estados.

A quantidade de imigrantes ilegais adentrando no território dos Estados Unidos por meio do estado do Texas tem causado uma série de problemas para as pequenas cidades na região. E se levarmos em conta que esse fenômeno pode estar sendo incentivado pelo governo central de Washington, a coisa se torna ainda pior. Por objetivos eleitoreiros, Joe Biden pode estar prejudicando a vida de milhões de cidadãos norte-americanos. Vivendo ou não numa sociedade libertária, todos esses cidadãos estão tendo sua propriedade privada prejudicada por decisões estatais inúteis.

O controle de fronteiras pelo governo é algo antiético, considerando-se os princípios do libertarianismo. Porém, quanto mais descentralizado for um governo, melhor para todos. As decisões tomadas pelo governo do Texas peitando o governo central de Washington, portanto, são positivas para a questão da liberdade. Joe Biden e seu governo têm agido de forma a violar a Constituição dos Estados Unidos e a autonomia dos estados - coisas que garantiram a construção do país mais poderoso do mundo. E tudo isso por conta de seu desejo mesquinho de continuar no poder a qualquer custo.

Ainda é cedo para dizer aonde essa história vai dar. Eventualmente, um dos dois lados pode acabar recuando, e cedendo um pouco em suas imposições. Contudo, sempre é importante nos lembrarmos da história do Texas e da capacidade de resiliência de sua população. Esse, que hoje é o segundo maior estado do território norte-americano, já foi um país independente - condição conquistada por meio da luta contra o poder central do México. Mas pelo bem da paz nos Estados Unidos, Joe Biden e seus asseclas não deveriam dobrar a aposta, pagando para ver aonde essa história vai dar.

Referências:

https://www.poder360.com.br/internacional/texas-reforca-barreiras-em-fronteira-com-mexico-veja-videos/

“As FRONTEIRAS ABERTAS não funcionam para PEQUENOS PAÍSES”
https://www.youtube.com/watch?v=XmmOOvnMqGg

“BIDEN vai voltar a CONSTRUIR o MURO na FRONTEIRA com o MÉXICO”
https://www.youtube.com/watch?v=JTd9DWgVlp4

Tucker Carlson: https://www.instagram.com/reel/C2i_UvttI9P/?igsh=MW5sNHV3amV2dXU4YQ%3D%3D