Gastos extravagantes e complexidades da monarquia britânica! Entre joias reluzentes e o peso dos privilégios reais.
A Princesa de Gales, Kate Middleton, pode receber um presente extraordinário do Rei Charles III em seu 42º aniversário.
Em vez das jóias habituais, Charles pretende conceder a Kate o poder de emitir "royal warrants" (mandados reais), um privilégio raro na monarquia britânica.
Os mandados reais são autorizações concedidas pelos membros da família real britânica a empresas ou prestadores de serviços que atendem à realeza. Essas autorizações permitem que as empresas usem o selo real em seus produtos ou serviços, indicando que são fornecedores oficiais da Família Real. É uma forma de reconhecimento e prestígio real para essas empresas.
Qual seria o impacto para as empresas e para os contribuintes do Reino Unido?
Para as empresas, poder usar o selo real em sua publicidade, pode atrair clientes devido à associação com a realeza. Isso é especialmente significativo para empresas que atuam no mercado de luxo.
Já para as pessoas comuns, ou seja, os contribuintes, isso representa um aumento de preços e encarecimento das mercadorias com os selos reais.
Essa mudança transformaria Middleton em uma figura altamente influente no mercado, capacitando-a a promover suas empresas preferidas em diversos setores. Conhecida por seu estilo, a popularidade da Princesa de Gales vem de seu trabalho e empreendimentos beneficentes, bem como de sua habilidade sem esforço para moda e beleza. E suas marcas favoritas, desde a Reiss - cuja seleção de casacos e blazers está em rotação regular para a realeza - até os produtos que ela usa para alcançar suas melhores maquiagens, estarão esperando que a notícia de que o Rei Charles pode recompensá-la com o privilégio de conceder Royal Warrants seja verdadeira.
Ter um Royal Warrant, que pode ser exibido em seus estabelecimentos comerciais, produtos, embalagens, material de escritório, publicidade e veículos, oferece um impulso comercial significativo tanto nacional quanto internacionalmente, com as pessoas se esforçando para viver, fazer compras e experimentar coisas como os membros da realeza.
O nome desse fenômeno se chama: Efeito de Ostentação. Refere-se à tendência de consumidores em adquirir produtos ou serviços de uma marca específica, não por suas características intrínsecas ou qualidade, mas simplesmente porque essa marca é associada a status, prestígio ou um estilo de vida considerado desejável. Quando pessoas ricas ou famosas usam determinadas marcas, isso muitas vezes cria uma demanda entre os consumidores que aspiram a associar-se ao mesmo status ou estilo de vida.
Infelizmente, as pessoas muitas vezes buscam pertencer a grupos específicos ou a uma classe social mais alta. A busca por conexões sociais, aceitação e integração em grupos é fundamental para a saúde psicológica e emocional. Essa necessidade de pertencer pode influenciar o comportamento humano em várias áreas da vida, moldando relações pessoais, escolhas profissionais, identidade cultural e até mesmo preferências de consumo. O sentimento de fazer parte de algo maior, seja uma família, comunidade ou cultura, muitas vezes desempenha um papel significativo na formação da identidade e no bem-estar emocional.
Então, veja você quão oportuno é esse “presente” para a Princesa de Gales. Ao conceder os privilégios às marcas favoritas da Princesa, essa ação se torna uma interferência no livre mercado.
Mas não é de agora que nossa “Querida Família Real” interfere no livre mercado. Em novembro de 1973, o advogado particular da Rainha conseguiu fazer lobby para alterar uma legislação vigente, a fim de ocultar a riqueza privada, adquirida pela coroa, do seu público.
Em outras ocasiões, os conselheiros dos monarcas solicitaram exclusões de leis propostas relacionadas à segurança rodoviária e à política fundiária que poderiam afetar suas propriedades, e pressionaram para alterar a política do governo em relação a locais históricos.
Os advogados da Rainha também fizeram lobby com ministros escoceses para alterar um projeto de lei, a fim de isentar suas terras privadas de uma iniciativa para reduzir as emissões de carbono. Como resultado, a Rainha foi a única pessoa na Escócia que não precisou facilitar a construção de dutos para aquecer edifícios usando energia renovável.
O Reino Unido tem sido palco de diversos protestos e movimentos relacionados à questão das mudanças climáticas e à redução das emissões de carbono. O movimento "Extinction Rebellion", por exemplo, realizou várias ações de desobediência civil em Londres e outras cidades britânicas para chamar a atenção para a crise climática. Então caros EcoChatos, quando vocês decidirem protestar e parar as ruas de Londres ou arredores, sugiro que vocês comecem pelas terras privadas da sua estimada e sustentada família real.
Mas os benefícios não param por aí... a Rainha foi isenta da Lei de 2017 sobre Propriedade Cultural, uma lei que busca evitar a destruição do patrimônio cultural, como locais arqueológicos, obras de arte e livros importantes, em guerras futuras. Isso significa que a polícia não pode vasculhar as propriedades privadas da Rainha em busca de artefatos roubados.
O jornal The Guardian identificou 67 instâncias em que projetos de lei escoceses foram revisados pela Rainha. Eles incluem legislação relacionada a leis de planejamento, tributação de propriedades, proteções para inquilinos e um projeto de lei de 2018 que impede inspetores florestais de entrar em terras da coroa sem permissão da coroa.
Na glamorosa corte da família real, ser considerado um 'amigo do rei' não apenas garante assentos nos jantares suntuosos, mas também acesso exclusivo a uma gama de benefícios reais. Afinal, quem precisa de sorteios de loteria quando você pode ser 'o escolhido' para os privilégios da realeza? Você adorador das terras britânicas, não perca a chance de ter seu próprio selo real de aprovação e descubra o quanto a proximidade com a realeza pode valorizar sua posição na escada social real – afinal, quem quer ser Gata Borralheira se você pode ser Cinderela?
Muito provavelmente nossa Gata Borralheira de Gales já sabia dessas informações, mas vale ressaltar aos desinformados.
O custo da Família Real para o contribuinte britânico é conhecido como o Sovereign Grant, que é o mecanismo oficial de financiamento da monarquia. O Sovereign Grant é calculado como uma porcentagem dos lucros gerados pela Crown Estate, um grande portfólio de terras, propriedades e ativos de propriedade do monarca reinante.
O Sovereign Grant cobre as despesas oficiais da monarquia, incluindo salários de funcionários, viagens, manutenção de residências reais e outros deveres oficiais. O Sovereign Grant tem como objetivo fornecer uma fonte transparente, milionária e estável de financiamento para a Família Real.
As contas para o Sovereign Grant divulgadas no final de junho de 2023 mostram que, no total, os gastos líquidos do Royal Household foram relatados como sendo de £107,5 milhões ($136 milhões). Isso se compara ao Sovereign Grant total de £86,3 milhões ($109,1 milhões) e à renda adicional de £9,8 milhões ($12,4 milhões).
O relatório financeiro abrange um período de transição significativa para o Royal Household, refletindo o Jubileu de Platina e o Funeral de Estado da Rainha Elizabeth II, a Ascensão do Rei, a preparação para a Coroação de Suas Majestades e a união de funcionários de duas residências.
Além disso, a Reserva do Palácio de Buckingham foi adicionada aos custos. O Royal Household agora está no sétimo ano de um plano de dez anos de grandes renovações.
O evento mais caro do ano foi o funeral da Rainha Elizabeth em setembro de 2022, custando cerca de $2 milhões. No entanto, é importante destacar que nem sempre as condições foram assim.
Charles Townshend, um historiador britânico, referiu-se à Grã-Bretanha do século XIX como um precursor de uma forma de governo que pode ser interpretada como uma monarquia constitucional.
A monarquia constitucional é uma forma de governo em que o monarca exerce um papel cerimonial ou simbólico, enquanto o poder executivo e legislativo é exercido por autoridades eleitas, muitas vezes representadas por um parlamento.
Durante o século XIX, a Grã-Bretanha passou por uma série de mudanças políticas, sociais e econômicas que moldaram sua estrutura de governo. Entre essas mudanças, destacam-se o desenvolvimento do sistema parlamentar e a expansão dos direitos políticos. A Magna Carta, de 1215, já estabelecia algumas limitações ao poder do monarca, e ao longo dos séculos, o poder do Parlamento foi gradualmente aumentando.
Durante o século XIX, ocorreram eventos significativos, como a Revolução Industrial e a expansão do Império Britânico. O aumento da urbanização e da classe média, juntamente com a expansão do sufrágio, contribuíram para uma transformação política.
A transição da Grã-Bretanha para uma monarquia absolutista não foi impulsionada por um único evento, mas sim por uma série de acontecimentos ao longo do tempo, incluindo a Guerra Civil Inglesa e a Revolução Gloriosa, que moldaram as instituições políticas e estabeleceram as bases para o sistema parlamentar que conhecemos hoje.
Essa evolução política foi vista como uma transição suave e uma influência positiva em outros países europeus que, em alguns casos, ainda estavam lidando com sistemas monárquicos mais absolutos. A Grã-Bretanha, assim, tornou-se um exemplo de uma monarquia constitucional que equilibra a tradição monárquica com elementos democráticos.
Como os jornais podem retratar esse presente como algo relevante a escolha entre joias e prestígio? Nenhuma dessas opções é positiva, pois impacta diretamente as pessoas, especialmente os trabalhadores que enfrentam as consequências de um governo gastador. A sugestão seria que a Princesa abrisse mão de joias e privilégios, contribuindo para aliviar os 25% de tributação.
Essa discussão ressalta as contradições entre a defesa da monarquia como uma força estabilizadora e culturalmente unificadora, apolítica, e as críticas à sua base hereditária, que contradiz os ideais igualitários libertários. Refletir sobre a utilidade da monarquia e os gastos públicos destinados à família real nos leva a ponderar sobre a natureza da liberdade individual em contextos sociais estabelecidos.
Esse diálogo instiga a questionar as prioridades da sociedade e as tensões entre tradição e modernidade, proporcionando uma visão das complexidades do sistema político britânico e as percepções conflitantes sobre liberdade, igualdade e pertencimento na contemporaneidade.
https://britishheritage.com/royals/royal-family-cost-british-taxpayer
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Townshend, Charles (2000). The Oxford History of Modern War. [S.l.]: Oxford University Press. ISBN 0192853732