Novos números a respeito da renda média dos brasileiros dão conta de que a desigualdade no país está longe de ser superada. Mas será que isso é realmente um problema?
A desigualdade sempre é pintada como um grande problema, principalmente pelo pessoal da esquerda - pessoas que, muito provavelmente, são movidas mais por inveja, do que por altruísmo. Os defensores da “luta contra a desigualdade” geralmente se valem de números bastante curiosos, desenvolvidos em pesquisas claramente enviesadas, para fundamentar seus argumentos. Agora, os esquerdistas virtuosos brasileiros têm uma nova pesquisa para deitar e rolar, no tema da desigualdade.
Trata-se dos novos dados divulgados, poucos dias atrás, pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), referentes a 2023. Em resumo, essas informações, relacionadas à questão da renda familiar, indicam que o rendimento mensal do 1% da parcela mais rica do Brasil é 40 vezes maior que o rendimento dos 40% mais pobres do país. Parece um número assustador, não é mesmo? Mas, para avaliarmos essa questão com mais profundidade, vamos lançar uma lupa sobre esses dados que, logo de cara, parecem mais ser um “trocadilho numérico”, que qualquer outra coisa.
Tratando dessas informações em números absolutos: a renda média mensal per capita (ou seja, por indivíduo) dos domicílios que formam o 1% mais rico do país foi de quase R$ 21 mil. Esse número representa um aumento de 13,2%, em relação a 2022. Já o rendimento per capita dos 40% mais pobres do Brasil foi de R$ 527 mensais - o que também representa uma alta, de 12,6%, em relação ao ano anterior.
A discrepância dos valores absolutos é inegável. Mas isso é mesmo uma má notícia? De forma alguma - pelo menos se pensarmos na renda nominal do brasileiro. Veja que tanto os mais ricos quanto os mais pobres tiveram um crescimento de sua renda, no período de um ano - e isso é inegavelmente algo positivo. De forma geral, o rendimento médio do brasileiro saltou de R$ 1.658, em 2022, para R$ 1.848, no ano passado. Ou seja: todos estão mais ricos, incluindo os mais pobres. O quê? Você acha que não está mais rico coisa nenhuma? Calma que já vamos explicar essa sua percepção. Ou, como diria a Miriam Leitão: entenda.
Ok, alguém pode argumentar que analisar uma fatia tão grande da população - os 40% mais pobres - não é justo. O certo seria olhar para onde a pobreza está mais concentrada. Tudo bem, vamos ceder a esse argumento, analisando a fatia correspondente aos 5% mais pobres do Brasil - e você pode ficar tranquilo, que o overkill numérico já está quase acabando. Para essa parcela da população, o rendimento saltou 38,5% em 2023, passando para R$ 126 mensais per capita. Então, do que devemos nos queixar? De nada: é só olhar para a frente mesmo, seguir o caminho.
Certamente, grande parte do rendimento desses 5% mais pobres pode ser colocado na conta de programas assistencialistas estatais - especialmente o Bolsa Família, que foi bastante turbinado, no primeiro ano do governo Lula 3.0. E, como bem sabemos, esse assistencialismo estatal é uma faca de dois gumes. Ele fornece dinheiro diretamente para o povo com uma mão, mas indiretamente o retira através da inflação e da distorção econômica com a outra.
Dito isso, precisamos nos questionar, para além dos números, também a respeito da pertinência deste debate. Finalmente, vamos responder à provocação inicial deste vídeo: a desigualdade é mesmo um problema? E a resposta para essa pergunta é: NÃO. O problema real é a pobreza, são as pessoas vivendo na miséria. No fundo, não importa se a renda das pessoas se tornou mais desigual - o importante mesmo, para qualquer ser humano de bom coração, é que as pessoas melhorem de vida. Portanto, dane-se se os ricos estão cada vez mais ricos! Quem se importa com esse detalhe, não passa de um baita de um invejoso.
Contudo, há um fator que não pode ser ignorado: o estado é o grande responsável por um tipo específico de desigualdade, aquela que decorre da própria ação estatal e não do livre mercado. Em primeiro lugar, existe a desigualdade diretamente causada pelo estado: pesquisas indicam que, no Brasil, o governo é responsável por ⅓ de toda a desigualdade de renda observada no país. Na verdade, somente a alta casta do funcionalismo público é responsável - ela sozinha - por 10% da desigualdade no Brasil, por conta de seus salários exorbitantes.
Pense apenas que mais da metade dos juízes brasileiros - cerca de 12 mil magistrados - recebem salários que superam o teto constitucional. Desse total, cerca de 2 mil juízes vão além, recebendo remunerações que superam os R$ 100 mil por mês. Já uns poucos bem afortunados conseguem auferir, eventualmente, o montante que se aproxima de R$ 1 milhão - e isso em apenas um contracheque! Haja capacidade para justificar tanta grana! Não restam dúvidas, portanto, de que grande parte dos 1% mais ricos do Brasil estão nessa condição por conta do estado. Esses números por si só revelam que o estado é o maior concentrador de renda que existe, algo que não é mencionado pela esquerda, que vive reclamando da desigualdade.
Só que esse problema vai muito além: temos, também, a questão dos impostos extorsivos, cobrados da população brasileira, pelo governo. A tributação retira grana dos bolsos de todo mundo; só que isso impacta, de forma mais proeminente, a população mais pobre. Como no Brasil o consumo é brutalmente tributado, os mais pobres tendem a sofrer mais, custeando os impostos que encarecem os alimentos, os remédios, a energia elétrica, e outros itens básicos. Os mais ricos, por outro lado, possuem mecanismos eficientes para fugir da tributação estatal. Na verdade, a história nos mostra que altas cargas tributárias sempre tendem a penalizar a parcela mais pobre da população - de uma forma, ou de outra.
Mas você achou que a coisa terminaria por aí? É claro que não - afinal de contas, como diria o Toretto do filme Velozes e Furiosos: aqui é o Brasil! Temos que levar em conta, também, o problema da inflação - que explica porque o seu salário parece cada vez menor, não obstante o valor dele continue subindo. Todos os brasileiros têm percebido, ano após ano, mês após mês, que seu poder aquisitivo segue encolhendo, ainda que seus rendimentos nominais estejam subindo. A verdade é que números podem enganar - mas uma despensa vazia, não.
E se você quiser um exemplo prático - e extremo - desse fenômeno, basta olhar para a Argentina. Por lá, o salário mínimo é de pouco mais de 200 mil pesos. Nominalmente, em 5 meses, qualquer trabalhador argentino conseguiria se tornar um milionário. Acontece que esse valor, na prática, é inferior ao salário mínimo brasileiro. É que a moeda argentina não vale mais nada! Contudo, os mais ricos - tanto os da Argentina, quanto os do Brasil - também possuem mecanismos para fugir dos efeitos deletérios da inflação. E aí, a desigualdade artificial só faz aumentar.
Nos últimos anos, esse cenário foi agravado - muito disso, em função das desastrosas medidas tomadas durante a crise sanitária. Dinheiro foi impresso como nunca antes na história humana - e nós sabemos bem que é isso o que causa o desastre da inflação. Só que, no Brasil, tudo sempre pode piorar: agora, temos o Lula de volta ao poder, querendo taxar tudo e todos - inclusive as comprinhas da Shein, algo que vai impactar, é claro, os pobres. Com esse misto de inflação crescente e de aumento de tributos, a tendência é que os pobres fiquem ainda mais pobres - ainda que nominalmente mais ricos. Por outro lado, os ricos vão levar sua grana para o mais longe que puderem deste hospício como alternativa para manter sua riqueza protegida.
A verdade é que esse cenário, embora seja uma tragédia para o povão, é uma beleza para quem está no poder, e para quem está perto dele - e é por isso que essa história se repete, sempre. Os políticos deitam e rolam no dinheiro tirado da sociedade produtiva. Já os amigos do rei - funcionários de alto escalão, empreiteiros, licitantes de todo tipo e financiadores de campanhas - recebem o dinheiro da inflação primeiro - ou seja, antes dos efeitos negativos serem sentidos. Para quem está perto dos cofres públicos e da máquina de imprimir dinheiro, isso é um paraíso. Para todos os que estão mais longe, a coisa é mesmo um inferno.
Não se engane: todo o discurso mainstream sobre desigualdade é pura inveja. As pessoas que batem nessa tecla raramente - ou mesmo nunca - falam sobre melhorar a vida dos mais pobres; e quando alguém sugere boas alternativas para isso, elas ignoram. Elas só querem prejudicar os ricos mesmo - sem dúvida, para tomar o seu lugar, como sempre acontece em governos comunistas, nos quais uma elite de políticos se torna bilionária. Desconfie de quem trata a desigualdade como um problema: essa gente não compartilha dos nossos valores. O que eles querem é apenas acesso aos nossos bolsos e às nossas carteiras.
A desigualdade faz parte da natureza humana, é intrínseca ao funcionamento de nossa espécie e à organização de nossa sociedade. Alguns recebem dez talentos, outros cinco, e outros apenas um - e há aqueles que, infelizmente, nascem com deficiências e são impossibilitados de trabalhar. Algumas sementes produzem cem, outras sessenta, e outras trinta. Nada disso, por si só, é um problema - exceto, é claro, se essa desigualdade estiver sendo artificialmente produzida pelo estado. Quando isso acontece, os talentos são enterrados, e as sementes morrem sem dar fruto. Portanto, se você quer mesmo acabar com a desigualdade artificial, que pune especialmente os mais pobres, o caminho é bastante simples de compreender, embora não tão simples de se colocar em prática: basta acabar com o estado.
https://humanas.blog.scielo.org/blog/2015/08/20/qual-e-a-contribuicao-do-estado-para-o-aumento-da-desigualdade-social/
https://exame.com/brasil/com-salarios-de-ate-r-914-mil-metade-dos-juizes-do-brasil-ganha-mais-que-os-ministros-do-stf/