Embora sua maior contribuição para o Brasil sejam os políticos e burocratas, Brasília tem a maior renda média do país. Pode isso, Arnaldo?
Poucos dias atrás, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (o famigerado IBGE, do Marcio Pochmann) divulgou dados referentes à renda média dos habitantes das 27 unidades da federação, no ano de 2023. Esse é o chamado rendimento per capita - ou seja, a renda dos domicílios, dividida pela quantidade de cabeças. E adivinha só: o primeiro lugar no ranking dos maiores rendimentos não pertence a um estado propriamente dito, mas sim ao Distrito Federal - que abriga nossa amada Brasília, fonte de nossos desgostos. Para variar, esse covil de burocratas e políticos ganha com uma larga vantagem!
Pedimos vênia antecipada aos espectadores brasilienses - não é nada pessoal. Vamos usar este espaço, apenas, para praticar nosso esporte favorito: xingar político. Infelizmente, não tem para onde correr: Brasília é mesmo a capital nacional da parasitagem estatal.
Voltando aos dados do IBGE: conforme as informações divulgadas, a renda média dos moradores do Distrito Federal é de R$ 3.215,00. Em segundo lugar no ranking, vem o estado de São Paulo, com uma renda média de pouco mais de R$ 2.400 - um valor 33% menor que o rendimento brasiliense. Acontece que São Paulo é o estado mais produtivo do país, respondendo sozinho por 30% do PIB nacional. É desnecessário dizer que o Distrito Federal está longe de ter essa relevância econômica no Brasil! Terminando o pódio, vem o segundo maior PIB brasileiro, o Rio de Janeiro - com um rendimento médio mensal de R$ 2.300.
Em nível nacional, o rendimento médio do brasileiro foi de R$ 1.848 - valor que, por sinal, foi puxado para baixo pelo nordeste, região cujos estados estão todos presentes na parte inferior desse ranking. O melhor estado nordestino, nesse quesito, foi o Rio Grande do Norte, com um rendimento per capita mensal de meros R$ 1.350. Ou seja: em todos os estados do nordeste, região tão elogiada pelos petistas, a renda média mensal é inferior a 1 salário mínimo.
Já o pior resultado brasileiro é do Maranhão - alô Sarney! Alô, Flávio Dino! - que possui um rendimento per capita de míseros R$ 969. Por acaso, esse também é o estado em que a proporção de beneficiários do Bolsa Família é maior, se comparada com a quantidade de carteiras assinadas. Só não sei se existe, aí, uma correlação direta…
Enfim, diante desses números, é claro que surge logo a pergunta: afinal de contas, o que Brasília produz, para ter tanto valor? Estamos falando, na prática, de uma renda 232% maior do que a do citado Maranhão, o lanterninha dessa história. Por óbvio, não é preciso ser um gênio da economia para identificar o problema: políticos e burocratas, é claro! Não estamos falando, apenas, das centenas de eleitos que ocupam a capital nacional. Estamos falando, também, de gente graúda, de todas as esferas da máquina estatal - ministros e seus asseclas, funcionários públicos de alto escalão, gente concursada do topo da pirâmide salarial. Ou seja: temos, em Brasília, o píncaro da desigualdade.
É claro que, diante desse cenário, o que não faltam são especialistas normalizando esses números. Alguns chegam a afirmar, inclusive, que as altas remunerações dos residentes de Brasília se devem ao seu alto nível de formação e capacidade cognitiva, o que torna essas pessoas mais produtivas. Mas será mesmo? Bem, o fato é que a percepção geral do brasileiro é de que essa gente toda ganha dinheiro demais, sem entregar, em troca, absolutamente nada de produtivo para a sociedade. E, convenhamos: essa percepção está mais do que correta.
Se isso te consola, vale a pena lembrar que essa situação não é exclusividade do Brasil - na verdade, ela é até bastante recorrente. Pense, por exemplo, no Distrito de Colúmbia, onde se encontra a cidade de Washington, a capital norte-americana. Esse pedaço de terra também ocupa o primeiro lugar nacional, quando o assunto é a renda per capita: o Distrito de Colúmbia apresentou um rendimento mensal individual de US$ 160 mil em 2016 - valor quase 3 vezes superior ao segundo lugar da lista, o estado de Massachusetts. É desnecessário dizer que, dentre os pedaços de terra norte-americanos, a capital federal está longe de ser o mais produtivo.
A verdade é que, em qualquer parte do globo, os centros administrativos das democracias modernas se transformaram no equivalente do século 21 às cortes nobiliárquicas da Idade Média. Ou seja: são lugares que aglomeram muita gente rica que não produz nada de relevante para a sociedade. Pois veja se nossa corte brasileira, de nome Brasília, não abriga até mesmo um Palácio, onde mora nosso nobre presidente?
Mas a coisa fica ainda pior. A distorção causada pelas mordomias estatais dispensadas aos funcionários de alto escalão é tão grande, que até mesmo o setor privado acaba sendo impactado. Na verdade, a média salarial do brasiliense com carteira assinada é de R$ 6.800 - muito superior à média brasileira, de R$ 3.700. O que as empresas de Brasília têm de melhor que as do restante do Brasil, para justificar essa diferença toda? Talvez, seja mesmo a proximidade com os políticos - mas não vamos fazer esse juízo de valor. Vamos continuar batendo no estado mesmo.
Agora, falando sério: tem como conceber uma máquina de concentrar renda mais eficiente que o estado? Pois os números apresentados até agora não significam nada além daquela verdade dolorosa que todo brasileiro sabe, com mais ou menos consciência - o fato de que o povo do Brasil inteiro está sustentando Brasília. Por meio de impostos extorsivos, que castigam principalmente os mais pobres, o restante do país subsidia o umbigo da besta - um ralo de recursos que suga, para si, parte considerável do que os brasileiros produzem de verdade.
Esse caso demonstra, de forma bastante didática, o funcionamento da máquina estatal, em si. Em Brasília, temos uma demonstração grotesca do que acontece em todo o Brasil, numa escala menor. Pense, por exemplo, nas prefeituras municipais: nesses lugares, o rendimento médio costuma ser muito maior do que no restante da cidade. O mesmo se aplica aos centros administrativos estaduais. Onde há acúmulo de burocratas estatais, aí haverá acúmulo de rendimentos - bancados, é claro, com impostos.
Não há nada de legítimo que possa justificar o alto rendimento de partes do país onde nada de útil é produzido. Brasília prospera e avança em sua renda média às custas do restante do Brasil - cuja população se torna mais pobre, na medida em que a carga tributária cresce. Novamente: isso não é culpa do brasiliense trabalhador, que está no mesmo barco do resto do povo brasileiro. A verdade, contudo, é que essa cidade, nossa amada capital, foi concebida e criada para ser isso: a representação fidedigna do caráter extorsivo do estado, que rouba de todos, para dar para uns poucos bem-afortunados.
Porém, depois de expormos essa questão primordial, existe outro dado divulgado pelo IBGE que precisa ser levado em conta. É importante darmos destaque para isso, porque se trata de uma informação que costuma passar batida, no meio de tantos números. Você se lembra de que falamos, no início do vídeo, que a renda média mensal do brasileiro foi de R$ 1.848, em 2023? Pois bem: esse valor representa um aumento de 11,5%, em relação a 2022. Agora, me responda: de onde veio essa valorização? Será que a economia brasileira ficou tão mais produtiva assim?
Definitivamente, o crescimento da renda do brasileiro não se deve exclusivamente ao crescimento da economia. Ainda que consideremos o avanço do PIB - que não é, nem de longe, um bom indicador, - a economia brasileira cresceu menos de 3% em 2023. Então, de onde vem toda essa diferença salarial? A coisa é relativamente simples de se entender - embora as consequências deem um pouco mais de trabalho para serem compreendidas. Estamos falando de aumentos salariais para funcionários públicos, expansão dos benefícios sociais e aumento real no salário mínimo. Todos esses fatores fazem crer que a renda do brasileiro, de fato, aumentou.
Só que, se a economia não está crescendo no mesmo ritmo, só existem duas explicações para a origem dos recursos que bancam esse aumento na renda do brasileiro. Ou as empresas estão mesmo gastando mais com salários, repassando esses custos adicionais para os preços dos produtos - em muitos casos, por pressão estatal; ou essa renda foi promovida por impressão de dinheiro. Você sabe como a coisa funciona: o governo faz déficits constantes para bancar a farra do assistencialismo. Essa dívida, obviamente, é financiada com dinheiro novo, algo que se reflete - é claro - em preços mais altos para todos. Ou seja: a renda média está subindo muito, às custas de mais inflação. Todos vão acabar pagando essa conta, por estarem ficando “mais ricos”, no papel.
Enfim: as novas informações de renda, divulgadas pelo IBGE, embora sejam dignas de algum grau de ceticismo, por nossa parte, são suficientes para refletir uma realidade que nós, libertários, sempre trazemos às claras. O estado existe, justamente, para roubar dinheiro da sociedade produtiva, entregando essa grana para o setor parasitário. Nesse sentido, Brasília funciona como um verdadeiro monumento à ineficiência estatal. É o lugar onde mais se ganha dinheiro, e onde menos se produz algo de relevante para a sociedade. Ou seja: é o lugar onde o estado está mais presente, neste Brasil.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_de_estados_americanos_por_PIB_per_capita
https://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_de_unidades_federativas_do_Brasil_por_PIB
https://www.poder360.com.br/economia/13-estados-ainda-tem-mais-gente-com-bolsa-familia-do-que-empregados/