Será que os donos de postos de gasolina são capitalistas malvadões que aumentaram os preços para ter mais lucro? Ou estamos vendo o custo do amor?
Neste ano, os preços da gasolina apresentaram um aumento médio de 5% em todo o território brasileiro, apesar de não ter nenhum tipo de reajuste por parte da estatal Petrobras. De acordo com a reportagem, o aumento nos preços é devido a uma complexa dinâmica de mercado, influenciada por fatores tanto internos, quanto externos. Segundo a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, a ANP, o preço da gasolina está em média R$0,30 mais caro. O último reajuste anunciado pela petrolífera foi há 7 meses. Apesar deste aumento, o diesel permaneceu estável, com um pequeno aumento de R$0,10 no litro.
A princípio, o brasileiro médio pode ser induzido a pensar que o motivo desse aumento é ocasionado pelo "capitalismo malvadão". Afinal, se o preço de um produto aumenta e o seu custo de produção permanece o mesmo, deduz-se que esse dinheiro está ficando dentro da cadeia de transporte e venda. Isso significa que alguém está lucrando com isso. Talvez o dono do posto tenha aumentado sua margem de lucro, juntamente com o pessoal do frete e a distribuidora. Daí, ao somar todos esses pequenos lucros, o resultado seria de 5% a mais no preço. Por tabela, acredita-se, então, que a estatização da Petrobras é importante, visto que, se ela fosse totalmente privatizada, também poderia aumentar os preços para auferir mais lucro, e esse pequeno aumento se tornaria algo absurdamente alto para o consumidor final.
Entretanto, esse pensamento não poderia estar mais errado. Veja, não há nada que impeça os agentes envolvidos neste processo de aumentar seus preços, com exceção do mercado. Porém, se eles fizessem isso, seus concorrentes poderiam manter os valores, garantindo assim que ganhassem mais dinheiro pela quantidade que venderiam. “Ah, mas eles podem formar um oligopólio, forçando todo mundo a vender mais caro”. Se a OPEP, que possui 13 países membros, não consegue fazer com que todos os seus membros mantenham os preços tabelados, imagine dezenas de milhares de donos de caminhões-tanque, postos de gasolina e transportadoras por todo o Brasil. É quase impossível algo semelhante acontecer.
O real motivo para esta alta é o aumento do ICMS, imposto sobre circulação de mercadorias e serviços. No dia primeiro de fevereiro deste ano, houve a primeira elevação desse imposto, que havia sido fixado em, no máximo, 18% desde 2022. Naquele ano, as alíquotas passaram a ser cobradas em reais por litro, e não mais sobre o percentual do preço estimado. Com a reversão da alteração de 2022, o preço dos combustíveis subiu entre R$0,12 e R$0,16 devido única e exclusivamente ao imposto. Este aumento foi sendo sentido aos poucos pelos cidadãos, conforme os postos repassavam o novo valor advindo das refinarias. Além disso, no dia primeiro de janeiro deste ano, houve uma reoneração do diesel, que estava com as alíquotas federais zeradas desde 2021. Elas foram retomadas parcialmente em setembro de 2023, aumentando o preço desse combustível em R$0,13. Já no começo deste ano, o grosso entrou com tudo, já que a alíquota voltou ao seu valor antigo, sendo de R$0,35 por litro.
Mas, calma. Ainda vai piorar. Existe uma medida provisória assinada pelo presidente que irá limitar o uso de créditos do PIS/COFINS para a cadeia produtiva dos combustíveis. Isso irá aumentar ainda mais o custo desses produtos, bem como o seu transporte. Esta mudança já impactará o preço nos próximos dias. A rede de postos Ipiranga lançou uma nota aos seus revendedores, dizendo que reajustará o preço dos principais combustíveis, sendo eles diesel, gasolina e etanol. Vale lembrar que medidas provisórias possuem caráter imediato, ou seja, elas já começam a valer desde quando são assinadas. O que pode ser feito é ela ser derrubada no Congresso, retornando aos padrões anteriores. Mas todos nós sabemos que isso não vai acontecer.
O ex-presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, manteve os preços da commodity baixos, a fim de não haver desgastes com o governo. Contudo, isso não foi o suficiente, e ele acabou indo de Americanas. Magda Chambriard, a nova presidente da estatal, disse que manterá o mesmo caminho seguido pelo seu antecessor. Se quiser saber mais sobre a rinha de magnatas que houve na Petrobras, recomendo o vídeo que fizemos quando houve essa mudança, intitulado “A CEO FANTOCHE no comando da PETROBRAS que DESTRUIRÁ a petroleira de vez”. O link está aqui na descrição. Mas, mesmo a Petrobras segurando a mão no preço do petróleo, o aumento dessa commodity lá fora impacta aqui dentro também. Isso porque um quarto de todo diesel consumido no Brasil é importado, bem como 15% da gasolina. Mas mesmo assim, a diferença atualmente não é tão grande. A gasolina está 5% abaixo do valor internacional e o diesel 3%. Em abril, a coisa estava muito pior, com o diesel 13% mais barato e a gasolina com absurdos 24% ante o PPI, Preço de Paridade de Importação. Pois é, aparentemente o grosso tá entrando, e pelo jeito ele é mais longo do que muitos imaginavam. Agora, só nos resta saber se o pessoal que fez o L com força e trabalha como motorista de aplicativo, se continua feliz com a sua decisão.
O aumento destes impostos deixa escancarado um dos piores problemas do estado brasileiro: a sua ânsia em taxar o consumo. Não nos entenda mal, todo tipo de tributo é ruim e deveria ser extinto, contudo, o aumento dos impostos sobre os produtos, principalmente os essenciais, pode significar a morte para as pessoas depauperadas. Quando há o aumento do combustível, por exemplo, todos os produtos tendem a ficar mais caros. Afinal, se afeta o custo do transporte, automaticamente, afetará a cadeia produtiva de todos os setores. Os produtos do mercado ficarão mais caros e os custos para quem trabalha de motorista de aplicativo ou vai para o trabalho de moto ou carro, tenderá a ser maior. “Ah, mas o pobre não tem carro ou moto para ir trabalhar”. Mesmo se a pessoa utilize transporte público, e ele seja bancado por subsídios dos municípios, haverá um aumento do repasse para a empresa que faz este serviço, significando um aumento nos impostos municipais para equilibrar as contas públicas destas cidades. Não há para onde fugir, o grosso vai entrar para todos, principalmente para aqueles que o partido que está no poder finge dizer defender.
Para nós, libertários, não deveria haver nenhum tipo de imposto, seja no consumo, seja na renda, seja no patrimônio. Não devemos pagar para que marajás comam lagostas enquanto metade da população brasileira não tem acesso à rede de esgoto e à água encanada. É um absurdo ver este governo destruir a economia aumentando os impostos e manipulando as instituições para que os dados oficiais ofusquem a realidade. É triste observar, principalmente, as famílias mais pobres tendo uma piora de vida devido aos mandos e desmandos dos asseclas do bandido estacionário brasileiro. É comovente ver a quantidade crescente de moradores de rua e pedintes nas grandes cidades, sabendo que talvez tenham cada vez menos pessoas para ajudá-los, já que para muitos começou a faltar dinheiro no fim do mês. Tudo isso para manter os políticos encastelados na torre de marfim em Brasília. Realmente, é necessário um esforço hercúleo para tentar ver a luz no fim do túnel vivendo aqui no Brasil. Cada vez mais está evidente que a melhor saída para os brasileiros é, realmente, o aeroporto.
https://www.poder360.com.br/economia/gasolina-diesel-e-gas-de-cozinha-ficarao-mais-caros-na-5a-feira/
https://www12.senado.leg.br/manualdecomunicacao/guia-de-economia/opep
https://www.youtube.com/watch?v=uFC-fscj7f0