Papa Francisco MORRE. E a igreja católica, como fica?

Que o Papa Francisco morreu você já sabe, mas será que morreu mais alguma coisa com ele? Qual será o futuro da Igreja Católica?

Foi com muita tristeza que o Cardeal Kevin Farrel, camerlengo do Vaticano, fez um anúncio no dia 21 de abril, segunda-feira, sobre o falecimento do Papa Francisco, aos 88 anos de idade. O cardeal Farrell declarou: “Com profunda dor, devo anunciar a morte do nosso Santo Padre Francesco. O Bispo de Roma Francesco voltou à casa do Pai”. O camerlengo ainda destacou a dedicação do pontífice ao longo de sua vida, declarando: “Sua vida inteira foi dedicada ao serviço do Senhor e à sua casa. Nos ensinou a viver os valores do Evangelho com fidelidade, coragem e amor universais, em modo particular a favor dos mais pobres e marginados”. Francisco, foi conhecido por sua voz em defesa dos pobres e por suas reformas na Igreja Católica. 
Com certeza, muita gente de bom coração está triste com o falecimento do Papa, e como existem muitos libertários cristãos e católicos, achamos pertinente analisar o sistema de governança católico trazendo nossa visão libertária. Desde já, queridos telespectadores, gostaríamos de deixar claro que não é nosso objetivo realizar uma análise teológica ou dogmática sobre o papado, ou sobre a fé. Também não teremos tempo suficiente para uma abordagem aprofundada neste vídeo. Essas questões serão melhor tratadas por teólogos de carreira, gênios e santos que a Igreja insiste em produzir ao longo da história.
Nosso objetivo aqui é analisar o sistema de governo e os incentivos aos quais ele está exposto. Nossa análise se baseia no conhecimento desenvolvido pela Escola Austríaca de Economia e por teóricos do libertarianismo, especialmente nas obras de Hans Hermann Hoppe, como Democracia: o Deus que falhou, e em A República, de Platão.
Para facilitar a compreensão da nossa argumentação, é importante esclarecer alguns termos desde o início. O termo "pontificado" equivale a "reinado", e isso não é nenhum exagero retórico: a Igreja Católica Romana funciona, desde seus primórdios, como uma monarquia eletiva, cujo governante permanece no cargo até sua morte.
Vários reinados ao longo da história utilizaram o mesmo sistema de governo, que apresenta vantagens e desvantagens em comparação com monarquias sanguíneas. Explicando melhor: monarquias eletivas são sistemas em que uma pessoa governa e cuja sucessão se dá por eleição entre uma aristocracia, ou seja, quem vota tem interesse e responde diretamente pelo êxito ou pelo fracasso do sistema.
Agora, trazendo para a realidade de hoje: monarquias eletivas são como empresas em que há um CEO responsável, apoiado por um conselho de investidores. Portanto, ainda que de maneira simplificada, a única diferença entre o sistema de governo da Igreja Católica e de uma empresa moderna, é que o CEO não fica até morrer, mas até deixar de prover resultados satisfatórios aos investidores.
Segundo o libertário alemão Hans Hoppe, as monarquias reúnem melhores incentivos para administração de um sistema do que uma democracia popular com sufrágio universal. Sempre há um objetivo responsável por todas as ações e, quem o escolheu para administrar, tem interesses diretos no sucesso do empreendimento. Isso cria um incentivo de se pensar no longo prazo, ao contrário da democracia popular que incentiva o populismo e formação de curral eleitoral. Os envolvidos na monarquia não têm que se explicar a ninguém, a não ser a si mesmos e ao grupo, que também estão imbuídos num mesmo propósito.
Esse sistema favorece uma visão de planejamento que gera estabilidade, perenidade e confiança. Ainda de acordo com Hoppe, a monarquia permite um avanço civilizacional, que do ponto de vista econômico é a geração de poupança para grandes investimentos de longo prazo, criando um sistema com segurança jurífica. Não investimentos em construir prédios aleatórios para formar cidades fantasmas como na China de Xi Jinping, mas para suprir demandas legítimas da sociedade. Dessa maneira, o monarca ou o CEO administra os bens, seja do reino ou da empresa, em prol de melhor servir às pessoas. Platão complementa a ideia, afirmando que a monarquia é o sistema que melhor se relaciona com as virtudes humanas.
Segundo o economista espanhol Jesus Huerta de Soto, uma empresa gerida dessa maneira seria o mais próximo da manifestação do Reino de Deus na Terra. De Soto conclui dessa maneira analisando como os incentivos envolvidos em uma empresa favorecem a cooperação mútua intra empresa, no sentido de fornecer serviços e colaborar com o desenvolvimento da sociedade extra empresa.
Mas é claro que sempre há problemas e desafios! O ser humano, com suas imperfeições, carências e imaturidade — sem esquecer da maldade pura e simples — está sempre tentando corromper aquilo que é justo, belo e verdadeiro. Pessoas mal-intencionadas e criminosos existem em todas as sociedades; por isso mesmo, precisamos de um sistema político, jurídico e social que puna essas pessoas por praticarem seus crimes.
Não estamos dizendo que há Reino de Deus nesta Terra, seria uma incongruência lógica, já que o que se refere a Deus está fora da matéria, fora do tempo e fora do espaço. O que se refere a Deus é eterno e imutável e a nós só cabemos contemplar e tentar desvendar, apesar de nossas limitações.
Agora, a fé Católica se baseia em um Deus que se revela ao longo da história — primeiro a um povo específico, e depois por meio de um Messias: o Cristo, aquele que se oferece como Cordeiro imolado pelos pecados da humanidade. A união da revelação antiga com a paixão, morte e ressurreição de Cristo molda a tradição da Igreja Católica desde os primórdios, compõe os livros da Bíblia e ergue o edifício da fé, que permanece, inacreditavelmente, intacto até hoje.
É claro que os católicos levantarão um argumento de que a Igreja subsiste por mera graça de Deus. Mas a Igreja Católica subsiste porque ela se baseia na fé de sempre, na fé imutável, em verdades objetivas, em moral objetiva e nos ensinamentos de Jesus Cristo.
Agora, veja que interessante. No longo prazo a verdade opera como um sinal elétrico: constante, perceptível, mensurável, tangível. E a mentira opera como um ruído deste mesmo sinal: caótica, destrutiva e que tende a anular a si mesma ao longo do tempo. Então, em uma estrutura que garanta a perenidade, a verdade tende a vencer inexoravelmente, enquanto variações dessa verdade tendem a se anular com o tempo, desaparecendo.
E veja, essas são questões universais! Se você quer montar uma empresa, formar uma família ou qualquer iniciativa que seja, você deve considerar essas verdades.
No entanto, o Papa Francisco parece não ter dado muita bola para essa realidade. Desde que assumiu, Francisco nunca se viu como Papa, mas tão somente como mais um bispo, ainda que fosse o bispo de Roma. Além disso, deu início e fortaleceu o conceito de Igreja sinodal, que nada mais é que a ruptura da centralização da fé.
Bem, esse é outro conceito interessante que vale a pena analisar. A Igreja Católica, apesar de parecer extremamente centralizada em Roma, na verdade, é descentralizada. A centralização se refere aos princípios eternos e imutáveis da fé, enquanto a descentralização refere-se a ação dos bispos ao redor do mundo que, por sua vez, se descentraliza na ação dos padres e, no limite, na ação de cada leigo da Igreja neste mundo.
Em algum grau todas as pessoas dentro da hierarquia da Igreja tem liberdade de ação, desde que permaneçam fiéis à fé de sempre. Seria como uma empresa que oferece um produto definido à sociedade, por exemplo: uma fábrica de tênis, que em cada país mantém gerentes regionais que desenvolvem produtos focados na cultura e realidade local. Só que ainda mais descentralizado, praticamente qualquer pessoa poderia abrir uma nova fábrica de tênis e vender esses produtos, desde que fossem tênis e mantivessem a qualidade do produto, certificado pela central.
Não é isso que fez o Papa Francisco! Mas não só o Francisco! De maneira geral, todos os papas pós-concílio do Vaticano II parecem ter se entregado ao que fora denunciado como "Modernismo" pelo Papa São Pio X, em 1907, na sua encíclica "Pascendi Dominas Gregis".
O Modernismo, conforme denominado por São Pio X, seria como a síntese de todas as heresias antigas, apenas apresentadas sob uma roupagem nova. A análise é brilhante, apresenta o modernista filósofo, o crente, o teólogo, o historiador, o crítico, o reformador e até o apologeta e elucida muitas das coisas que nos afetam hoje em dia. O link para a encíclica segue na descrição deste vídeo.
Apesar de o Concílio do Vaticano II afirmar que não queria romper com nenhuma doutrina da fé, tem feito isso sistematicamente — ainda que não de forma descarada. É realmente impressionante como comunistas, positivistas e modernistas se alinham quando o assunto é modificar verdades universais por meio de retórica, sentimentalismo e palavras ambíguas. É a vitória do nominalismo, como bem ensina nossa filósofa Bruna Torlay.
São Pio X via o modernismo como um movimento teológico e filosófico que relativizava a verdade revelada, reduzia a fé a uma experiência subjetiva, negava a objetividade dos dogmas, acomodava os ensinamentos da Igreja ao espírito da modernidade (ciência, crítica histórica, secularismo etc.). Ele criou mecanismos firmes para conter o modernismo, como o Juramento Antimodernista, exigido do clero por décadas.
Agora, voltando ao tema da centralização da fé: se a fé é única, verdadeira, imutável e universal, ela precisa ser centralizada. Não há como descentralizar algo que, por sua natureza, não pode ser dividido. O que pode ser feito é uma descentralização na prática de expandir a atuação Igreja Católica e passar essa fé entre as pessoas, e não na doutrina em si. O que Francisco fez com a Igreja sinodal representa o início da ruptura da monarquia dentro da Igreja Católica. O que virá depois disso, só Deus sabe; no entanto, os incentivos apontam para um possível desmembramento da Igreja, semelhante ao que ocorreu com as igrejas nacionais no Cisma do Oriente, no século XI. Ou coisa ainda pior, como a transformação da Igreja em uma democracia, na qual conselhos de leigos e representantes do povo, supostamente guiados pelo Espírito Santo, definem o que é a verdade e como devem aplicá-la na comunidade. Veja como isso rompe a unidade de fé e, na prática, cria uma infinidade de seitas locais, cada qual com sua doutrina, cada qual com sua maneira de ler a Bíblia, cada qual com sua fé, semelhante ao que já acontece com as igrejas protestantes e pentecostais.
Se você tem dúvidas sobre o que acontece com uma instituição que decai de uma monarquia para uma democracia, é só ver o caso do Brasil, cujo reinado de Dom Pedro II forjou o período mais próspero de nossa história, decaindo para o que temos hoje: um misto de demagogia e populismo com tirania. E o caminho inverso ocorreu recentemente no Twitter, que sob a administração de Elon Musk, demitiu 80% dos funcionários, colocou poucas pessoas competentes, e a empresa continua operando, talvez até melhor do que antes sob uma administração difusa.
Infelizmente, as ações do Papa Francisco, mas não só dele, remetem a uma ruptura da fé de sempre da Igreja Católica Romana, o que representa um retrocesso rumo às heresias modernistas que, no limite, pode acarretar o esfacelamento da igreja como a conhecemos.
Quanto à verdade, não há o que se preocupar! A verdade nunca deixará de brilhar, nunca perderá seu viço nem sua magnitude e nem deixará de atrair os corações sedentos pelo eterno e imutável que impera na alma humana.
E para você não achar que estamos com birra do Papa Francisco, veja agora uma análise elogiosa no vídeo "PAPA afirma que EMPREENDEDORES são o motor da RIQUEZA e PROSPERIDADE", cujo link segue abaixo na descrição.


Referências:

PAPA afirma que EMPREENDEDORES são o motor da RIQUEZA e PROSPERIDADE:
https://www.youtube.com/watch?v=16HRTDddwfU
https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/veja-o-momento-em-que-o-vaticano-anuncia-o-falecimento-do-papa-francisco/
Encíclica Papa Pio X:
https://www.vatican.va/content/pius-x/pt/encyclicals/documents/hf_p-x_enc_19070908_pascendi-dominici-gregis.html