O brasileiro tem um problema crônico de memória: o PT vive prometendo que vai melhorar o Brasil, e o povo parece que esquece que dos últimos 25 anos, o PT governou por 20. Agora Lula está doidinho pra contar a mentira do pré-sal mais uma vez.
Talvez a relação entre a esquerda e o tema “meio ambiente” seja o maior caso de hipocrisia já manifestado na história. O mesmo governo de esquerda que, com ares de superioridade moral e um discurso inflamado, prega o fim do carbono e a salvação do planeta, é também o que se mostra mais ansioso para perfurar o solo em busca de mais petróleo. É exatamente o que acontece agora com a nova investida da Petrobras na Margem Equatorial, região marítima que se estende do Amapá ao Rio Grande do Norte. A estatal anunciou a descoberta de um possível “novo pré-sal” na costa norte do país — e, de repente, todo aquele papo sobre sustentabilidade e “transição energética justa” parece ter ficado escondido debaixo do primeiro jato de óleo bruto.
De acordo com informações divulgadas pela própria Petrobras e repercutidas pela imprensa, a estatal intensificou as perfurações e estudos geológicos na região após indícios de grandes reservas. O entusiasmo foi tanto que o presidente Lula tratou logo de se pronunciar, dizendo ser “totalmente favorável” à perfuração, e ainda complementou: “Eu quero saber qual é o país do planeta que está preparado para ter uma transição energética capaz de abdicar do combustível fóssil”. Uma frase emblemática, que escancara a contradição de um governo que vive discursando sobre o fim dos combustíveis fósseis, mas que, na prática, não hesita em celebrar a possibilidade de encontrar mais deles.
Sim, o mesmo Lula que, nos palanques internacionais — especialmente nos eventos da ONU e nas conferências ambientais — se apresenta como um messias verde, defensor das florestas e do planeta, agora surge como o mais entusiasmado dos exploradores de petróleo. E isso justamente às vésperas da COP 30, que será realizada no Pará, em 2025. O timing não poderia ser mais oportuno — e mais constrangedor. Afinal, como conciliar o discurso inflamado sobre o combate às emissões com o sorriso largo diante da perspectiva de um novo poço de petróleo? A resposta é simples: não se concilia. A esquerda não precisa ter nexo, pois seus eleitores ou são pessoas que vivem de impostos, ou são pessoas ignorantes ao ponto de sequer perceberem a contradição.
Esse tipo de contradição, aliás, é a essência do ambientalismo estatal. O ambientalismo, tal como praticado pelos governos de esquerda, não é uma preocupação genuína com o meio ambiente — é um instrumento de poder. É a máscara verde que encobre o rosto horroroso do intervencionismo, da tributação e do controle. Serve para justificar mais impostos, regulações e barreiras de entrada para o setor privado. Enquanto as pequenas empresas e os empreendedores independentes se veem esmagados por exigências ambientais absurdas, os grandes grupos — sempre bem conectados com o governo — continuam operando sem concorrência. É o modus operandi do estado: travar o mercado sob a desculpa da “sustentabilidade” e garantir o monopólio dos amigos do rei.
E ninguém domina esse jogo melhor do que a esquerda brasileira. Lula, o homem que vive discursando sobre o amor às árvores e às girafinhas da Amazônia, é o mesmo que controla uma das maiores empresas petroleiras do planeta. É o mesmo que, em nome do “interesse nacional”, defende o monopólio estatal sobre os recursos naturais. Quando fala em “preservar o planeta”, ele não está falando de você, nem de mim — está falando do poder dele, e do dinheiro que o petróleo rende.
E é por isso que o anúncio da Petrobras desperta tanto entusiasmo no Planalto. A possibilidade de uma nova província petrolífera vem em um momento politicamente perfeito para Lula. Com a COP 30 se aproximando e as tensões econômicas aumentando, nada seria mais conveniente do que um novo “milagre do pré-sal” — discurso que já foi usado pelo petismo, com fins eleitoreiros, há pouco mais de uma década, prometendo um futuro de fartura que nunca chegou. A narrativa é a mesma: o petróleo como símbolo da soberania nacional, como fonte de riqueza infinita e redenção do povo. É mais uma dentre as tantas promessas populistas que tem arrastado o PT ao planalto ano após ano.
Nos últimos anos, Lula e seus aliados vêm repetindo o discurso da “transição energética justa”, se vendendo como os guardiões da Amazônia e acusando o Ocidente de hipocrisia ambiental. O discurso, que soa bonito nos palcos de Davos e das conferências climáticas — é lançado por terra quando surge a oportunidade de encher os cofres da Petrobras e turbinar a arrecadação estatal. O tom muda completamente, afinal, a floresta pode esperar; os barris de petróleo não. É como se o planeta tivesse salvação… mas só depois que o governo sugar até a última gota de petróleo e ainda te vender uma das gasolinas mais caras e de baixa qualidade do mundo.
A verdade é que o ambientalismo, no Brasil, nunca foi sobre o meio ambiente. Sempre foi sobre poder e dinheiro. O estado cria leis e regulações supostamente voltadas à “proteção ambiental”, mas o efeito real é concentrar o mercado e favorecer quem já tem influência política. Grandes corporações, com departamentos jurídicos e lobistas em Brasília, conseguem facilmente atender às exigências — ou contorná-las. Já o pequeno empresário, o agricultor independente, o empreendedor iniciante… esses são os que pagam o preço, impedidos de competir. O discurso verde, no fundo, é uma nova forma de cartelização — e, como toda cartelização, precisa do estado para existir.
A Petrobras, sob a fachada de “empresa do povo”, opera como uma gigante monopolista, sustentada por subsídios e protegida por regulações que inviabilizam a concorrência. A retórica do “patrimônio nacional” serve apenas para justificar o controle político e o uso da empresa como instrumento eleitoral. O petróleo, no Brasil, nunca foi sobre energia — mas sobre votos. E, ao que tudo indica, Lula pretende repetir a fórmula.
Basta lembrar o que aconteceu durante o boom do pré-sal. Na época, o governo prometeu que a descoberta transformaria o país numa potência global. Falaram em bilhões para a educação, em hospitais de primeiro mundo, em combustível barato. O que se viu, na prática, foi corrupção, má gestão e um ciclo de euforia seguido por colapso. A Petrobras foi saqueada, os cofres públicos ficaram vazios e o brasileiro, como sempre, continuou pagando caro — na bomba e nos impostos. Agora, com a Margem Equatorial, o enredo ameaça se repetir. O governo já começou a vender a narrativa do “Brasil soberano”, da “gasolina barata”, e, claro, do “emprego para todos”. O mesmo roteiro, a mesma mentira.
E, para completar a hipocrisia da esquerda, o anúncio acontece justamente quando o Brasil se prepara para sediar a COP 30, em Belém do Pará. Ou seja, enquanto o governo se apresenta ao mundo como líder na luta contra o aquecimento global, internamente ele se prepara para ampliar a produção de petróleo. É como se um padre subisse ao púlpito para pregar a castidade logo após ter saído de um bordel.
E é claro que tudo isso tem, também, um componente eleitoral. Lula sabe que um anúncio positivo sobre novas reservas de petróleo pode ser politicamente poderoso. Se a descoberta na Margem Equatorial se confirmar, ele poderá prometer exatamente o que já prometeu antes: empregos, desenvolvimento, combustível barato, prosperidade. E, como o brasileiro médio tem uma memória curta e uma vontade ardente de ser enganado, o truque pode, e provavelmente vai, funcionar novamente. Não importa se a popularidade de Lula está lá no chão e se ele não cumpriu nem a promessa da picanha. Se ele sair por aí dizendo que a gasolina vai pra 1 real o litro, vai ter um monte de idiotas votando nele.
O perigo, portanto, não é apenas ambiental ou econômico — é moral e político. O país corre o risco de reviver o ciclo vicioso do populismo petroleiro, em que a retórica nacionalista e a manipulação das massas substituem qualquer discussão séria sobre liberdade e responsabilidade individual. Em vez de discutir como reduzir o poder do estado sobre os recursos naturais, voltamos a discutir como o estado vai administrá-los. Em vez de pensar em como permitir que o mercado e a inovação determinem o futuro da energia, nos contentamos em ouvir promessas de um governo que já provou, inúmeras vezes, sua incompetência.
O resultado é que daqui a 10 anos ainda vamos estar na mesma valeta de hoje: dependência, impostos, ilusões e miséria. A Petrobras continuará sendo usada como instrumento político, os amigos do poder continuarão lucrando e o cidadão comum continuará pagando a conta. O petróleo pode até jorrar, mas a riqueza continuará concentrada nas mãos de quem nunca produziu nada.
No fim das contas, o anúncio da Petrobras e o entusiasmo do governo revelam uma verdade incômoda: o estado não tem princípios, só interesses. Hoje ele se veste de verde para arrecadar; amanhã veste o macacão laranja pra drenar cada gota de petróleo que puder. Tudo depende do que rende mais poder, dinheiro e votos. O discurso ambientalista, o nacionalismo energético, o moralismo ecológico — tudo isso são apenas máscaras que o estado usa conforme a ocasião. O objetivo é sempre o mesmo: controlar, taxar, dominar.
E é justamente por isso que a notícia deve preocupar quem ainda valoriza a liberdade. Se a existência de um novo grande volume de petróleo for confirmada, Lula terá nas mãos uma arma política poderosa. Poderá prometer milhões de empregos, combustível barato, progresso para o Norte do país — e, com o apoio da máquina estatal e da velha mídia vendida, os patetas vão bater palmas e fazer o L.
O problema, como sempre, é que o brasileiro é bom de esperança e ruim de memória. E Lula sabe disso. Por isso, enquanto o povo sonha com um futuro dourado, com o país do futuro que nunca chega, o governo segue perfurando — tanto o solo quanto o bolso de quem trabalha.
https://g1.globo.com/meio-ambiente/noticia/2025/10/20/petrobras.ghtml
https://www.bbc.com/portuguese/articles/c05966ydnndo