No último sábado, dia 21, o Brasil ficou chocado com a tragédia que vitimou 8 pessoas durante um voo de balão. Diante disso, o Ministério do Turismo sinalizou que pretende endurecer a regulamentação desse tipo de atividade.
No último dia 21 de junho, uma tragédia envolvendo a queda de um balão de ar quente na cidade de Praia Grande, em Santa Catarina, acabou vitimando 8 dos 21 tripulantes e deixando outros 13 feridos. Além do grande número de vítimas, que não é costumeiro nesse tipo de acidente, as imagens de pessoas se agarrando e em seguida caindo do balão, de uma grande altitude, chocaram a população e deram ainda mais repercussão a esse caso.
Como toda tragédia que acontece no Brasil, logo levantaram-se políticos para discutir a necessidade da regulamentação da atividade e balonismo no país. O que talvez esses próprios políticos não saibam, é que essa atividade já é altamente regulamentada, mas que a maioria das empresas não segue a regulamentação. Só pra ter uma ideia do quão regulamentada essa atividade é, a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) determina que “voos com balões livres tripulados devem ocorrer em condições visuais, durante o dia, e com contato visual constante com o solo”, que os operadores dos balões precisam estar cadastrados como aerodesportistas, que os balões precisam ter identificação visível e ainda portar documentos como cadastro e apólice de seguro a bordo.
Além disso, a norma da ANAC proíbe que balões sobrevoem áreas densamente populadas e também áreas com aglomerações humanas. O operador ainda precisa ser maior de idade e observar as regras de tráfego aéreo emitidas pelo Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) correspondentes ao espaço de voo utilizado.
Como se pode perceber, nossos burocratas já gastaram um bom tempo regulamentando a atividade de balonismo em terras tupiniquins, mas dada a grande repercussão da tragédia recente, o Ministério do Turismo declarou, em nota, que deseja avançar na regulamentação da atividade para “garantir a segurança dos praticantes e estimular o desenvolvimento do setor”.
A pretensão dos burocratas engravatados e encastelados em suas torres de concreto em Brasília é de fazer rir - ou chorar – qualquer um que tenha mais de 2 neurônios. Eles falam como se as palavras que eles vão rabiscar em um pedaço de papel fosse garantir a segurança das pessoas que voam de balão, sendo que, segundo a própria ANAC, o balonismo é uma atividade de alto risco, sujeito à condições de clima, vento, do bom funcionamento dos equipamentos e da ação dos tripulantes. Nesses casos, o máximo que dá pra fazer é mitigar os riscos, e os operadores de balões já sabem disso. Não vai ser uma lei vomitada por um político que vai fazer o operador e os demais passageiros deixarem de voar, ou adotarem medidas de segurança, mas sim, o bom senso de cada um.
Essa ideia de que aumentar a regulamentação, ou até mesmo proibir atividades de alto risco, fará com que pessoas deixem de ser vitimadas por tais atividades, é clássico do pensamento paternalista do estado e de seus parasitas, que acham que sabem o que é melhor pra sua vida, e que sem eles você vai sair por aí pulando de pontes e prédios, ou se jogando no oceano sem nem ter uma bóia.
A verdade é que se for proibir atividades de risco, o mundo para de funcionar. Andar de carro é arriscado, muito arriscado, sendo os acidentes de trânsito a causa da morte de quase 34 mil pessoas por ano no Brasil. Andar de bicicleta é arriscado, sair na rua é arriscado, principalmente em cidades que são verdadeiras zonas de guerra, como é o caso do Rio de Janeiro e de tantas outras cidades no Brasil. Voar de avião é arriscado, ir à parques de diversão é arriscado, comer é arriscado - pois pode se engasgar -, praticar esportes é arriscado. Em resumo, tudo é arriscado, e cabe a cada um, escolher quais riscos deseja ou não correr, e não a um bando de burocratas que desfilam por aí de terno e gravata em seus carros blindados e com seguranças armados.
E aqui cabe a seguinte reflexão: em uma sociedade anarcocapitalista, como eu poderia ter a segurança de que estou voando em um balão com as devidas manutenções em dia, com um operador devidamente habilitado a controlar o balão e que as condições de voo estão favoráveis? A resposta pra essa pergunta é muito simples, e pode ser explicada pelo guia Michelin. O guia Michelin é um catálogo que reúne os melhores restaurantes e hotéis do mundo, classificados por estrelas Michelin. Tomando como exemplo os restaurantes, uma estrela Michelin significa que aquela é uma cozinha requintada, com produtos de primeira qualidade, execução refinada, sabores marcantes e regularidade na realização dos pratos. Duas estrelas Michelin, significa que aquele restaurante possui os melhores produtos, valorizados pelas mãos de um chefe talentoso, com pratos sutis, surpreendentes e, às vezes, muito originais. Já 3 estrelas Michelin, evidenciam um restaurante com a assinatura de um grande chefe, produtos excepcionais, pureza e potência dos sabores e composições perfeitamente equilibradas. Não se trata de apenas um restaurante excelente, mas sim, de uma verdadeira obra de arte, executada com perfeição. Pra se ter noção do nível de dificuldade em se obter a classificação de 3 estrelas Michelin, atualmente, apenas 155 restaurantes, em todo o mundo, possuem tal certificação.
Esse mecanismo criado pela Michelin, uma fabricante de pneus, é capaz de garantir ao restaurante avaliado um status de algo muito exclusivo, o que faz com que muita gente pague milhares de reais pra provar a comida desses estabelecimentos.
O caso do guia Michelin, é um perfeito exemplo de como a iniciativa privada é capaz de assegurar qualidade e confiança, sem depender do estado, e de maneira muito mais eficiente do que o estado faria. E sabe o que acontece se a Michelin começar a ser desleixada em suas classificações, ou então se vender pra um restaurante e classificá-lo acima do que ele merece? As pessoas vão deixar de confiar no serviço da empresa, e seu selo que hoje tem um valor inestimável, passará a não ter mais valor.
Já uma certificação estatal jamais terá esse mesmo valor, pois sabemos bem que o estado e seus parasitas são altamente corruptos e, mesmo que sua reputação vá pra lama, somos obrigados a aceitar suas certificações e fingir que elas têm algum valor. Pra ver o quão sem credibilidade são as certificações estatais, basta citar alguns exemplos, como o fato de Lula ter concedido a Janja a maior condecoração por mérito cultural do Brasil. Ou seja, um bêbado semianalfabeto concedendo a uma deslumbrada, cuja cultura - talvez - ultrapasse a de uma minhoca de jardim, e que ainda por cima é sua própria esposa, um prêmio que já foi concedido pra organizações como o Grupo Globo e pra pessoas como José Sarney. Acho que a maior honra que alguém pode ter é o fato de não ter recebido esse prêmio.
Agora, no caso de voos de balão, ou para qualquer outra atividade e produto, os mecanismos de garantia de segurança, em uma sociedade libertária, deviam ser feitos da mesma forma que a Michelin faz hoje: uma empresa privada, colocando sua reputação em risco, para assegurar que aquele produto ou serviço é de qualidade.
Enfim, é muito triste saber que 8 vidas se perderam nessa tragédia, e se isso foi por alguma negligência, é ainda mais triste, pois poderia ter sido evitado. O que nos cabe agora é entender que, apesar da ideia de regulamentar ou proibir o balonismo turístico poder parecer bem intencionada, trata-se de uma ideia antiética e ineficaz, pois retira a liberdade daqueles que estão dispostos a correr esse risco e não garante nenhuma segurança ao consumidor.
O que nós precisamos hoje é de mais iniciativas privadas de certificação de segurança, e de menos estado se intrometendo na vida das pessoas e barrando sua liberdade de correr riscos. Viver, especialmente no Brasil do PT, já é por si só um grande risco, mas o maior risco de todos é trocar a sua liberdade, por uma promessa de segurança que, a depender do estado, jamais será cumprida.
https://exame.com/brasil/explosao-em-balao-de-sc-o-que-diz-a-lei-e-por-que-a-pratica-ainda-e-perigosa/
https://g1.globo.com/politica/noticia/2025/06/21/ministerio-do-turismo-diz-que-vai-reunir-entidades-para-avancar-em-regulamentacao-de-voos-com-balao.ghtml
https://veja.abril.com.br/coluna/maquiavel/lula-concede-a-janja-a-maior-condecoracao-por-merito-cultural-do-brasil/#google_vignette