Nem mesmo a terra da liberdade consegue escapar para sempre da capacidade estatal de destruir riqueza e de gerar pobreza.
Os mais recentes dados econômicos da renda familiar nos Estados Unidos não são nada animadores - para a população norte-americana, e também para o presidente Joe Biden. O SPM (índice que mede a chamada pobreza suplementar no país) deu um salto considerável, subindo para 12,4%. É claro que esse percentual não se compara, por exemplo, aos 40% de pobreza que se observam na Argentina. Porém, estamos falando do país mais rico do mundo. Então, sim, esse percentual é realmente impressionante.
Só que a coisa se torna ainda mais crítica quando comparamos esses dados com os números de anos anteriores. Antes de 2020, a taxa de pobreza nos Estados Unidos era de apenas 7,8% - quase metade do que se observa hoje. Qual evento ocorrido nesse intervalo de tempo pode justificar tamanho aumento na pobreza entre os americanos…? Pois é: você se lembra daquele papo de “a economia a gente vê depois?” O preço dessa brincadeira está sendo sentido, até hoje.
E, também nesse caso, as crianças são as mais prejudicadas. Entre os pequeninos, o índice mais do que dobrou. No período anterior à crise sanitária, a taxa de pobreza entre as crianças era de 5,2%. Agora, ela está nos mesmos 12,4% da população em geral. Em casos de crises causadas pela intervenção estatal, as crianças sempre sofrem mais. Nós, inclusive, falamos sobre isso num vídeo recente do canal, sobre a China: “SURTO de PNEUMONIA em crianças na CHINA levanta PREOCUPAÇÃO a nível global e ALERTA a OMS”- link na descrição.
De forma geral, o SPM considera uma série de indicadores, além da renda: diferenças no custo de vida de cada região, gastos com remédios e também o pagamento de impostos. Com base nessa série de indicadores, o índice geral é concebido. E, a partir daí, ele servirá para nortear a tomada de decisões públicas pelo governo dos Estados Unidos.
De forma sucinta, porém, podemos dizer que a seguinte classificação resume razoavelmente bem o que é ser uma família pobre nos Estados Unidos: viver em uma casa alugada, com quatro pessoas e uma renda inferior a US$ 34.500 por ano. Eu sei: convertendo os valores, teríamos uma renda per capita de R$ 3.600 aqui no Brasil - ou seja, longe de ser uma renda de gente pobre. Mas volto a frisar: estamos falando dos Estados Unidos, um país que não apenas é o mais rico do mundo - é a maior potência econômica do planeta!
Este valor da renda é reajustado conforme a inflação anual - algo que, obviamente, impacta no custo de vida das famílias. Ou seja: o SPM tende a revelar a realidade de uma forma mais clara, sem permitir que os dados sociais sejam maquiados pela inflação gerada pelo próprio estado.
O departamento do Censo dos EUA aponta duas causas para o aumento da pobreza no país. Em primeiro lugar, estaria o aumento do custo de vida. Sabemos que o mundo desenvolvido tem enfrentado longos meses de uma inflação alta e resiliente. Além disso, por conta das medidas estatais tomadas durante a crise sanitária, os diversos impactos sentidos na cadeia produtiva ainda não foram completamente reparados. Sob todos os aspectos, podemos dizer que a economia, inclusive a nível global, não conseguiu ainda voltar aos antigos patamares. Some-se a isso à alta taxa de juros imposta pelo FED, numa tentativa desesperada de conter a inflação, e fica fácil ver como esse cenário tem doído no bolso dos americanos.
A segunda causa desse cenário, de acordo com o Departamento do Censo, seria o fim dos auxílios para famílias pobres que foram criados e concedidos durante a citada crise sanitária. Estamos falando, nesse caso, da conhecida praga do assistencialismo, cujos impactos você certamente compreende muito bem. As diversas medidas de “bolsa esmola estatal” acabam viciando as pessoas. Quando esse benefício é suspenso, contudo, a realidade da pobreza volta com toda força. Afinal de contas, durante o período de crise as pessoas foram condicionadas não a buscar alternativas para a sua pobreza, mas sim a depender das migalhas estatais. Agora, nos Estados Unidos, as migalhas pararam de cair da mesa.
Contudo, existe ainda uma terceira causa que não foi listada pelos burocratas do censo. O fato é que a renda média nos Estados Unidos caiu consideravelmente durante o ano de 2022. Foi um baque de 2,3%, resultando em uma média salarial anual de US$ 74.500. Recebendo menos dinheiro, o orçamento das famílias fica ainda mais estrangulado. Ou seja: o cidadão norte-americano está, no fim das contas, ficando mesmo mais pobre.
Este é um fenômeno tão perceptível nas terras do Tio Sam que ele pode ajudar a explicar, inclusive, a queda na popularidade de Joe Biden. Muitos grupos minoritários, que tipicamente são mais pobres, e que ajudaram a elegê-lo em 2018 - como afro-americanos e hispânicos, - estão migrando sua preferência para Donald Trump. Essas pessoas perceberam com clareza o quanto as medidas desastradas do Creepy Joe acabaram representando uma queda na sua qualidade de vida e um aumento em sua pobreza. Apesar desses dados, porém, o governo Biden diz que 2023 vai ser melhor porque a inflação está caindo e a renda está subindo. Vai vendo!
A verdade, porém, é que um olhar mais abrangente, de longo prazo, nos mostra que os Estados Unidos realmente têm passado por um constante período de queda na renda média das famílias. Isso é especialmente verdade pensando período pós-crise de 2008. Depois daquela quebradeira, a renda média do cidadão norte-americano caiu consistentemente, ano após ano. A renda só voltou a crescer no ano de 2015. Porém, ainda assim, ela era inferior à de 2007 - o ano anterior ao estouro da crise.
E o que já estava ruim se tornou ainda pior a partir de 2020, com o início das medidas de contenção sanitária. A economia não apenas caiu brutalmente durante esse período; ela ainda não se recuperou desse baque terrível. De lá para cá, a renda apenas tombou, e a pobreza subiu consideravelmente. Em ambos os casos, crise econômica e crise sanitária, você sabe muito bem de quem é a culpa.
Foram as constantes medidas de intervenção estatal que fizeram com que a economia norte-americana derrapasse ano após ano. Ainda que números fajutos, como o PIB, possam indicar algum crescimento econômico, o fato é que, na economia real - ou seja, no dia a dia das pessoas -, a crise vem sendo sentida com cada vez mais intensidade. Na medida em que o governo norte-americano imprime mais dinheiro, o patrimônio das pessoas vai perdendo o seu valor. Os salários se tornam menores e o poder aquisitivo despenca. Qualquer um que entenda um mínimo de economia sabe que a impressão de dinheiro, que é a verdadeira inflação, sempre redunda em um aumento da pobreza entre a população.
Em qualquer parte do mundo onde haja liberdade econômica, a riqueza sempre surgiu e trouxe prosperidade para o povo. Porém, o oposto disso também é verdade. Onde quer que a intervenção do estado tenha sido imposta à população, a riqueza foi destruída e a pobreza começou a crescer. E se você quer saber por que os Estados Unidos demoraram tanto a apresentar esses resultados - décadas a mais do que a América Latina, por exemplo, - a explicação para isso é bastante simples. A grande vantagem do homem rico em relação ao homem pobre é que o rico pode agir de forma inconsequente por mais tempo.
É claro que, mesmo em uma sociedade libertária, a pobreza e a riqueza sempre vão existir. Nós, libertários, inclusive, nunca prometemos a ninguém um paraíso na Terra. A vida é dura, e melhorar suas próprias condições dá muito trabalho. No fim das contas, nem todo mundo consegue alcançar esse objetivo. O que não pode existir, porém, é uma política estatal de promoção da pobreza através da inflação, do assistencialismo e de constantes intervenções na economia. E essas distorções existem apenas por conta da intervenção do estado. A máfia estatal é, em última instância, a grande promotora da pobreza, em qualquer parte do mundo.
A sequência de décadas de pesada intervenção estatal nos Estados Unidos agora cobra o seu preço. E, como bem sabemos, quem paga mais caro são justamente os mais pobres - aqueles que o estado, supostamente, deveria proteger. Se a situação se tornou ainda pior durante o governo de Joe Biden, a verdade é que essa tragédia já vinha se desenhando há muito tempo. Não existe país rico que resista, de forma indefinida, à capacidade estatal de destruir riqueza. Como esse exemplo nos demonstra, nem mesmo a terra dos livres e lar dos bravos escapou dessa triste realidade.
https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/afp/2023/11/05/pesquisa-indica-que-biden-perderia-para-trump-em-5-dos-6-estados-chave-dos-eua-em-2024.htm
https://g1.globo.com/economia/noticia/2016/09/renda-das-familias-nos-eua-tem-primeira-alta-desde-crise-de-2008.html
https://www.youtube.com/watch?v=8PrcF-kiFZ8