O desastre no Rio Grande do Sul continua surpreendendo por sua dimensão e por seus números - mesmo decorridos cerca de 45 dias do início da tragédia. Até o momento, 172 pessoas perderam sua vida nesse evento - sendo que pelo menos 13 delas morreram em decorrência da leptospirose, risco que persiste mesmo após as chuvas cessarem. Mais de 2 milhões de gaúchos foram diretamente afetados pela tragédia, sendo que mais de 600 mil pessoas ficaram desalojadas, em algum momento, por conta das enchentes. Ou seja: trata-se de uma situação terrível, sob todos os aspectos.

É claro que vai dar muito trabalho reconstruir o estado, depois do que aconteceu. E vai custar muito dinheiro, sem dúvidas. As estimativas variam muito, e os números abrangem um intervalo entre R$ 100 e R$ 200 bilhões de reais. Nesse caso, leva-se em consideração, inclusive, a adaptação das novas estruturas para calamidades do tipo. Estamos falando, portanto, de um cenário de muitos anos de trabalho de reconstrução. De fato, 2024 vai ser mesmo um ano muito difícil para os gaúchos - mesmo após o fim das chuvas.

Muita gente se envolveu no apoio aos necessitados, de forma que vimos florescer, no Rio Grande do Sul, o melhor do ser humano. Incontáveis voluntários anônimos arriscaram suas vidas e seus patrimônios para resgatar pessoas e levar mantimentos aos isolados. Campanhas de doação foram realizadas em todo o Brasil. O país se uniu e, nessas circunstâncias, a iniciativa privada brilhou. Enquanto o estado patinava, revezando-se entre nada fazer e atrapalhar, os indivíduos se uniram para não deixar a peteca cair.

Infelizmente, também foi possível ver se destacar o que há de pior na humanidade. Um caso recente chocou a todos: um vereador do PT - sim, isso mesmo, o partido do amor - se envolveu num esquema de desvio de doações às vítimas da enchente, e acabou sendo preso no dia 8 deste mês. Nessa operação foram cumpridos 11 mandados de busca e apreensão na região central de Palmares do Sul e em Balneário de Quintão, e políticos de outros partidos também estão envolvidos. Infelizmente, tantos outros desgraçados se aproveitaram da situação de calamidade para roubar, ameaçar e abusar de pessoas indefesas. Nós tratamos desse caso no vídeo: “Rio Grande do Sul sofre com ASSALTOS, VIOLÊNCIA e, principalmente, DESCASO por parte estado” - link na descrição. Ainda assim, podemos dizer que essa foi a mínima exceção a uma regra que, sob todos os aspectos, foi bastante positiva.

Contudo, agora que as águas começam a baixar, surge a real tragédia: o estado. Não basta toda a ineficiência, que se tornou ainda mais explícita nas últimas semanas. Não bastam as multas aplicadas a caminhões com doações, e também toda a burocracia que temos acompanhado. Agora, o leviatã estatal partiu para o crime de fato: agentes estatais estão simplesmente roubando as doações destinadas às vítimas da tragédia. Exatamente!

Veja como funciona esse esquema, segundo denúncias feitas ao Ministério Público do Rio Grande do Sul. Membros da Defesa Civil da cidade de Eldorado do Sul estariam desviando doações feitas para a população local. Ok, mas qual seria o objetivo por trás dessa crueldade? Acredite ou não, mas a ideia seria fazer estoque para a campanha eleitoral deste ano, usando esses itens para beneficiar seus futuros eleitores. Acontece que dois dos três suspeitos envolvidos nesse esquema são pré-candidatos às próximas eleições.

Os três indivíduos em questão foram afastados de suas funções públicas e seguem sendo investigados pelos crimes de apropriação indébita, peculato e associação criminosa. Tudo isso, é claro, durante a maior tragédia climática da história do Rio Grande do Sul - e uma das maiores do Brasil, - algo que agrava os delitos que supostamente foram cometidos.

Você consegue ter dimensão dessa crueldade? Milhares de pessoas continuam sofrendo, passando fome e frio, após terem perdido tudo do dia para a noite, em uma tragédia ambiental. E, nesse contexto, canalhas da pior espécie, ligados ao estado, se apropriam de doações, feitas por benfeitores da iniciativa privada, para fazer politicagem. Tem como imaginar um absurdo maior do que esse?

É por isso que não é exagero algum quando nós, libertários, afirmamos que a política sempre atrai os piores, pois só os piores e fracassados almejam controlar a vida alheia. Fala sério: em algum momento, poderia passar em sua cabeça a ideia de se apropriar de doações para necessitados, para usá-las como compra de votos no futuro? Pois é: isso explica o porquê de você nunca ser eleito para nenhum cargo estatal. Você não é tão ruim quanto o necessário.

Agora, a prefeitura de Eldorado do Sul afirmou que vai ficar de olho, fazendo valer seu “compromisso com a transparência, a ética e o respeito aos recursos destinados aos cidadãos”. Em comunicado oficial, a prefeitura informou que vai continuar “colaborando plenamente com as autoridades competentes para que todos os fatos sejam esclarecidos de maneira justa e rápida”. Pois é! Mas o estado não deveria ter vigiado isso antes? Não era óbvio que coisas do tipo poderiam acontecer?

Com o ocorrido, a distribuição de doações na cidade vai ficar a cargo do Exército, porque é simplesmente impossível deixar isso por conta dos funcionários estatais da região. A desconfiança se estendeu a todo o aparato municipal, que agora precisa apresentar um plano de trabalho para utilização dos recursos públicos que já foram disponibilizados. Apenas para constar: Eldorado do Sul foi um dos municípios mais atingidos em todo o estado.

Esse tipo de notícia sempre choca os mais incautos. Afinal de contas, como é possível imaginar que agentes públicos atuem dessa forma criminosa? Acontece que isso é algo bastante recorrente. Em outro município gaúcho, Alvorada, 11 pessoas são atualmente acusadas de desviar doações - sendo 6 delas funcionários públicos. Três caminhões lotados de donativos foram encontrados em casas de particulares - um óbvio desvio de itens muito necessários para os desalojados.

Ainda outro município gaúcho passou por uma situação semelhante - no caso, Roca Sales. Nesse caso específico, um servidor municipal foi acusado de desviar uma carga de doações avaliada em R$ 9 mil. Acontece que não estamos falando da tragédia de 2024 - e sim das fortes chuvas que castigaram o Rio Grande do Sul em setembro do ano passado. Pois é: parece que isso virou moda por lá.

É claro que alguém pode argumentar que entes privados também cometem esse tipo de barbaridade - e esse argumento é verdadeiro. Porém, deve-se levar em conta, nesse caso, o problema dos incentivos. Empresas, instituições religiosas, associações filantrópicas e outras organizações do setor privado trabalham para evitar que problemas do tipo aconteçam. Afinal de contas, situações como a de Eldorado do Sul queimam o filme das entidades envolvidas, minando sua credibilidade. No livre mercado, seja ele de fiéis, de associados ou de benfeitores, a credibilidade é a moeda mais valiosa.

Já com o estado, a coisa funciona de maneira distinta. É bem provável que os superiores dos envolvidos nos esquemas de desvios de doações não sejam responsabilizados pelo que ocorreu - não obstante o fato de que a falta de vigilância contribuiu para esse cenário. Ou seja: os superiores nunca são devidamente punidos, ainda que não façam a lição de casa direitinho. Esse relaxamento, por sua vez, abre margem para que os subalternos se sintam confortáveis para agir de forma menos ética. Isso, é claro, quando não há uma efetiva conivência dos níveis hierárquicos superiores.

E, como você certamente bem sabe, o mundo político consegue deixar isso tudo ainda pior. Temos visto, no caso gaúcho, que os políticos têm se revezado entre tirar foto segurando tijolo, como o Lula, e partir para a ladroagem direta, como alguns tristes exemplos nos mostram. Ou seja: enquanto a iniciativa privada resolve o problema, o estado age, apenas, para piorar o que já estava ruim. A iniciativa privada doa; o estado, rouba - de todas as formas e, como vimos, até de maneiras diretas.

Esperamos que os envolvidos nesse esquema sejam punidos de maneira exemplar, e que as doações tão necessárias ao Rio Grande do Sul não parem de chegar. Situações como essa acabam desmotivando a caridade; mas é importante lembrar que estamos falando de uma gota d’água, num oceano de excelentes exemplos de doação, abnegação e compaixão. O valente povo gaúcho precisa muito desse apoio, mesmo que o mundo político daquele estado pareça trabalhar contra todo o auxílio que tem sido dado à região, pelos brasileiros.

Fica, portanto, a lição a respeito do que é a política e de como ela funciona na prática – se algum ingênuo ainda levava a sério o papel dos parasitas estatais em tragédias e eventos semelhantes. Até aqui, a ação estatal tem sido marcada pela ineficiência, pela burocracia e por atrapalhar o bem que a iniciativa privada tem feito – afinal, ninguém pode se sobressair e mostrar superioridade ao governo. Não podemos dizer que nos surpreende o fato de funcionários públicos partirem para o roubo descarado, porque do estado esperamos tudo. Assim, o que temos visto é apenas a consolidação de uma imagem que sempre tivemos: o estado existe apenas para atrapalhar a iniciativa privada e piorar nossas vidas em benefício de poucos.

Referências:

https://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/noticia/2024/06/04/sobe-numero-de-mortes-por-leptospirose-apos-cheias-no-rs.ghtml

https://cultura.uol.com.br/noticias/66679_reconstrucao-do-rs-custara-de-r-110-bilhoes-a-r-176-bilhoes-estima-federasul.html

https://gauchazh.clicrbs.com.br/seguranca/noticia/2024/06/servidores-publicos-e-agentes-politicos-de-alvorada-estao-entre-os-investigados-por-desvio-de-doacoes-clx0w6kba00k5015du4bjitof.html

https://oantagonista.com.br/brasil/funcionario-de-prefeitura-e-preso-por-desviar-doacoes-para-o-rs/#google_vignette

Rio Grande do Sul sofre com ASSALTOS, VIOLÊNCIA e, principalmente, DESCASO por parte estado:
https://www.youtube.com/watch?v=19Z7qaitBK8

https://oantagonista.com.br/brasil/vereador-do-pt-e-preso-em-acao-contra-desvio-de-doacoes-ao-rs/#google_vignette