Com o índice NIKKEI disparando sob TAKAICHI, a POLÍTICA MONETÁRIA japonesa mudará?

Enquanto mercados celebram recordes criados por promessas de gastos estatais, o Japão oferece uma lição sobre os perigos da manipulação monetária governamental.

O índice Nikkei disparou impressionantes 4,75% no dia 06 de outubro, atingindo um patamar recorde de 47.944,76 pontos, após a escolha de Sanae Takaichi para liderar o Partido Liberal Democrático japonês e assumir como primeira-ministra. Simultaneamente, o iene despencou além da marca psicológica de 150 por dólar, renovando máximas históricas de desvalorização e forçando especulações sobre novas intervenções cambiais estatais. A reação dos mercados reflete expectativas de que Takaichi implementará uma versão turbinada da “Abenomics”, aquela combinação tóxica de gastos públicos descontrolados, política monetária afrouxada e promessas vazias de reforma estrutural que caracteriza o fracasso keynesiano japonês há décadas. Os operadores reduziram imediatamente as apostas em aumentos de juros pelo Banco do Japão de 60% para meros 24%, evidenciando como a simples perspectiva de mais intervencionismo estatal consegue distorcer completamente as expectativas de mercado.

A trajetória de Takaichi representa tudo aquilo que o pensamento libertário critica no dirigismo econômico moderno. Discípula do falecido Shinzo Abe, ela defende abertamente políticas de “estímulo fiscal”, eufemismo elegante para roubo tributário direcionado a projetos políticos, e pressiona o Banco do Japão para manter juros artificialmente baixos, criando bolhas especulativas que inevitavelmente explodem nas mãos dos contribuintes. Seus assessores já sinalizaram que “esperam sinceramente” que o banco central não aumente juros agora, revelando a subordinação completa da política monetária aos caprichos eleitorais. Enquanto isso, o país acumula uma dívida pública que representa mais de 260% do PIB, a maior proporção entre economias desenvolvidas, financiada inteiramente através da criação artificial de dinheiro pelo banco central, uma máquina de expropriação silenciosa que corrói o poder de compra dos cidadãos comuns.

A reação dos mercados financeiros expõe as distorções grotescas criadas pelo sistema monetário estatal japonês. Ações de exportadoras, como montadoras, dispararam com o enfraquecimento do iene, não porque se tornaram mais eficientes ou inovadoras, mas porque a desvalorização cambial artificial subsidia suas vendas no exterior às custas dos consumidores domésticos. Fabricantes de equipamentos de defesa e construtoras também subiram, antecipando contratos públicos gordos financiados por mais endividamento estatal. Isso representa transferência direta de riqueza dos contribuintes para setores politicamente conectados, um mecanismo de corporativismo que exemplifica perfeitamente como o governo perverte sinais de mercado para beneficiar grupos privilegiados.

Paralelamente, o sistema bancário japonês enfrenta uma situação bizarra onde bancos, tradicionalmente beneficiados por aumentos de juros, agora veem suas ações despencarem com a perspectiva de que taxas permanecerão artificialmente baixas. Essa inversão de lógica econômica básica ilustra como décadas de intervenção monetária destruíram mecanismos normais de precificação, criando um ambiente no qual ninguém consegue mais distinguir entre lucros legítimos e ganhos especulativos sustentados por manipulação estatal. O resultado é uma economia viciada em estímulos artificiais, incapaz de crescer organicamente através da poupança, investimento produtivo e inovação genuína.

A situação do iene exemplifica o fracasso inevitável de qualquer sistema monetário controlado pelo estado interventor. Desde agosto, quando a moeda atingiu níveis similares, o governo japonês gastou dezenas de bilhões de dólares em “intervenções cambiais”, operações especulativas gigantescas de burocratas tentando combater forças de mercado usando dinheiro confiscado dos contribuintes. Em julho, estimativas indicam que o Banco do Japão desperdiçou 5,5 trilhões de ienes (cerca de 37 bilhões de dólares) numa única sessão, tentando artificialmente sustentar uma cotação que o mercado considerava insustentável. Essas intervenções não somente falham sistematicamente, como representam uma das formas mais puras de destruição de riqueza por meio do uso de recursos escassos para lutar contra a realidade econômica.

O mais revelador é que essas intervenções cambiais ocorrem enquanto o próprio governo admite que a economia japonesa está se recuperando moderadamente, uma contradição absurda que expõe a natureza puramente política dessas operações. Se a economia realmente está se recuperando, por que a moeda continua despencando? Simples, mercados reconhecem que décadas de déficits fiscais crônicos, política monetária de afrouxamento de juros e promessas eleitorais insustentáveis tornaram o iene uma moeda fundamentalmente não-confiável para preservação de valor a longo prazo.

A experiência japonesa das últimas três décadas oferece um laboratório perfeito para observar os efeitos devastadores do keynesianismo aplicado. Desde os anos 1990, sucessivos governos implementaram literalmente trilhões de dólares em pacotes de estímulo, mantiveram juros próximos de zero por mais de duas décadas, e até experimentaram com taxas negativas, políticas que supostamente deveriam gerar crescimento robusto e inflação saudável. O resultado nós já sabemos. Três décadas de estagnação econômica, deflação persistente, envelhecimento populacional acelerado e uma dívida pública que representa o maior fardo fiscal per capita do mundo desenvolvido. Esse histórico catastrófico deveria encerrar definitivamente qualquer debate sobre a eficácia da intervenção estatal na economia, mas burocratas insistem em repetir os mesmos erros com intensidade ainda maior.

Enquanto isso, países que adotaram reformas liberalizantes, como Singapura, Hong Kong e Suíça conseguiram crescimento sustentável sem recorrer a artifícios monetários. A diferença fundamental está na confiança em mecanismos de mercado contra dependência de manipulação estatal. Locais onde governos respeitam direitos de propriedade, mantêm orçamentos equilibrados e permitem que juros sejam determinados pela oferta e demanda de capital, economias florescem naturalmente. Já naqueles lugares onde prevalecem déficits crônicos, manipulação cambial e promessas eleitorais financiadas via criação de dinheiro, o resultado inevitável é a estagnação japonesa.
Em uma sociedade de leis privadas, os problemas que afligem o Japão simplesmente não existiriam pois não haveria banco central capaz de manipular artificialmente taxas de juros ou criar dinheiro do nada para financiar gastos políticos. Juros seriam determinados pela interação natural entre poupadores e investidores, refletindo genuinamente a preferência temporal da sociedade e direcionando capital para projetos verdadeiramente produtivos. Sem a possibilidade de financiar déficits mediante monetização da dívida, governos seriam forçados a manter orçamentos equilibrados ou enfrentar falência imediata, um mecanismo disciplinador que eliminaria gastos desperdiçados em obras públicas, subsídios corporativos e programas eleitoreiros.

Adicionalmente, moedas privadas competiriam livremente por aceitação no mercado, criando incentivos poderosos para manter valor estável e serviços eficientes. Bancos emissores de moeda que inflacionassem seus passivos perderiam clientes para competidores mais honestos, estabelecendo um sistema de seleção natural monetária onde somente instituições confiáveis sobreviveriam. Esse mecanismo de mercado é infinitamente superior a bancos centrais politizados, que podem imprimir trilhões sem enfrentar falência porque dependem de coerção estatal em vez de satisfação voluntária dos usuários.

Sem governo para desperdiçar recursos combatendo forças de mercado, no anacocapitalismo, esses bilhões de dólares permaneceriam na economia privada, financiando investimentos produtivos, criação de empregos e inovação tecnológica. A ausência de manipulação cambial também eliminaria as distorções que beneficiam exportadores às custas de consumidores domésticos, criando um ambiente no qual empresas competem por eficiência real em vez de lobby político.

O mundo libertário também resolveria naturalmente o problema do envelhecimento populacional que assombra o Japão. Sem sistemas previdenciários estatais insustentáveis baseados em esquemas ponzi intergeracionais, pessoas seriam incentivadas a poupar e investir para sua própria aposentadoria, criando um estoque de capital muito maior para financiar produtividade crescente. Imigração seria determinada por necessidades econômicas reais em vez de políticas restritivas baseadas em xenofobia nacionalista. Assim, as famílias teriam incentivos econômicos diretos para ter filhos, já que não poderiam contar com transferências fiscais de gerações futuras para sustentar sua velhice.

A experiência japonesa atual com mercados comemorando promessas de mais gastos estatais, enquanto a moeda despenca e a dívida explode, representa um símbolo perfeito da decadência do sistema monetário keynesiano global. Investidores aplaudem políticas que sabidamente destruíram a economia japonesa nas últimas três décadas simplesmente porque antecipam lucros especulativos de curto prazo financiados por mais expropriação estatal. Essa mentalidade de cassino é o resultado inevitável de décadas de manipulação monetária que desconectou completamente preços de ativos de sua produtividade econômica subjacente.

A alta do Nikkei após a vitória de Takaichi não representa recuperação econômica genuína, apenas mais uma rodada de inflação de ativos criada artificialmente por expectativas de intervenção estatal. Quando essa bolha inevitavelmente estourar, como estouram todas as bolhas baseadas em criação de dinheiro sem lastro, o povo japonês pagará o preço por meio da inflação, desemprego e empobrecimento geral. Enquanto isso, os mesmos burocratas que criaram o problema oferecerão ainda mais intervenção como solução, perpetuando um ciclo vicioso que só pode ser quebrado através da transição para uma sociedade de leis privadas baseada em mercados livres, moeda sólida e responsabilidade individual.

Por fim, a vitória de Takaichi mostra exatamente aquilo que os libertários sempre dizem. Não é porque a pessoa é de direita que ela não será interventora na economia. Ser de direita não quer dizer muita coisa quando o assunto é intervenção. Basta olhar para o exemplo de Donald Trump e suas tarifas protecionistas. A verdadeira liberdade advém de deixar o dinheiro na mão do povo, sem que o estado intervenha constantemente na vida dos indivíduos, e sem que ele meta a mão no seu bolso, espoliando o seu tempo de vida, o verdadeiro bem que é realmente escasso.

Referências:

https://g1.globo.com/mundo/noticia/2025/10/04/sanae-takaichi-e-nova-lider-do-partido-governista-do-japao.ghtml
https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/rfi/2025/10/04/japao-sanae-takaichi-e-eleita-chefe-do-partido-governista-e-esta-prestes-a-se-tornar-1-mulher-premie-do-pais.htm
https://www.rtp.pt/noticias/economia/bolsa-de-toquio-fecha-a-ganhar-475-apos-eleicoes-primarias-de-partido-no-poder_n1688721
https://www.gazetadopovo.com.br/mundo/japao-conservadora-vence-primarias-e-deve-ser-1a-mulher-premie
https://g1.globo.com/mundo/noticia/2025/09/07/primeiro-ministro-do-japao-renuncia-ao-cargo-apos-derrota-historica-na-eleicao-parlamentar.ghtml
https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/rfi/2025/10/04/japao-sanae-takaichi-e-eleita-chefe-do-partido-governista-e-esta-prestes-a-se-tornar-1-mulher-premie-do-pais.htm