A GRÉCIA está enfrentando um COLAPSO POPULACIONAL pior do que QUALQUER OUTRO PAÍS: crise a caminho

A Grécia enfrenta um grave problema demográfico, que poderá levar o país a um total colapso em pouco tempo.

Quando falamos de problemas relacionados a crises demográficas e possíveis colapsos populacionais, logo nos vem à mente a imagem de países como Japão, Coreia do Norte e, mais recentemente, a China. Nós, inclusive, já tratamos de vários desses casos aqui, no canal, em vídeos anteriores. Contudo, há um país que vem superando com folga todos esses exemplos mais conhecidos, se tornando, sem dúvidas, o maior candidato a sofrer um colapso demográfico, na atualidade. Estamos falando, é claro, da Grécia - um caso tão esdrúxulo, que até mesmo o Elon Musk repercutiu essa história em seu perfil, no X.

Por algum motivo, a pequena nação europeia, berço da civilização ocidental e da democracia, costuma passar despercebida na maior parte do debate público. Contudo, a verdade é que a Grécia é um país cheio de peculiaridades. Aliás, você sabia que o próprio D. Pedro I foi convidado para ser rei da Grécia, mais ou menos na época da independência do Brasil? Pois é.

De fato, a Grécia costuma ficar nos rodapés das notícias durante a maior parte do tempo - até que, pegando todos de surpresa, algo de muito grave acontece por lá. Há pouco mais de uma década, a Grécia ocupou os noticiários por conta de sua grave crise financeira - que ameaçava, inclusive, tragar toda a União Europeia para sua espiral da morte. O mais curioso é que ninguém parecia dar muita atenção às questões fiscais gregas, até que o castelo de cartas simplesmente desabou. Inclusive, quando o assunto é dívida pública insustentável, sempre pensamos no Japão, com sua dívida equivalente a 225% do seu PIB. Contudo, nós sempre nos esquecemos do segundo colocado - ela própria, a Grécia, com 205% de relação dívida x PIB.

Porém, voltando às questões demográficas: a verdade é que a população grega está diminuindo, de forma constante, ano após ano, desde 2006. De lá para cá, a população grega encolheu em 1 milhão de pessoas - e isso porque estamos falando de um país que tem apenas 10 milhões de habitantes. Sim, esse é o tamanho do problema: a Grécia está definhando, a olhos vistos.

Mas, afinal de contas, o que está acontecendo por lá? O que tem levado a nação grega para esse buraco? O principal fator é aquele mesmo que tem castigado outros países ao redor do mundo - a queda nas taxas de natalidade. Na verdade, a taxa observada em 2022 foi a menor no país em 92 anos! A taxa de fecundidade - ou seja, a quantidade de filhos por mulher - desabou de 2,4, nos anos 1970, para menos de 1,4, na atualidade. Para ser sustentável, essa taxa precisa ser de, pelo menos, 2,1 filhos por mulher.

Contudo, a Grécia tem um segundo fator que ajuda a piorar o que já estava ruim: sua crescente taxa de mortalidade. É até estranho falar dessa questão a respeito de um país desenvolvido; contudo, o fato é que, desde a crise de 2010 - e nós já vamos abordar esse tema - a taxa de mortalidade vem subindo, na Grécia. Só que, a partir de 2020, a coisa disparou. O que terá causado esse problema? Qual evento em escala global teve início naquele ano? Bem, eu não sei - deixo para você tecer suas próprias hipóteses. O que se sabe, contudo, é que têm sido relatados aumentos de casos de insuficiência cardíaca, AVC, coágulos sanguíneos e câncer - inclusive em indivíduos jovens. Ou seja: a mortalidade está atingindo, em cheio, a parcela mais produtiva da sociedade - o que torna o problema demográfico ainda pior.

Só que, sem dúvida, a questão econômica tem que ser colocada nessa equação - pelo menos, como um terceiro fator de importância. Durante a crise que castigou a Grécia, nos anos 2010, o país mediterrâneo perdeu nada menos que ¼ de sua população produtiva, que preferiu emigrar para outras nações europeias. A maior parte desses indivíduos era formada por pessoas bastante qualificadas. E a falta de perspectiva econômica levou muitos adultos daquela época a escolher ter menos filhos - ou simplesmente não tê-los.

Hoje, decorridos 14 anos do início da recessão, o resultado se tornou visível. Em inúmeros vilarejos gregos, as escolas estão completamente vazias. Algumas estão simplesmente fechando as portas, por falta de crianças. Em 2009, antes do estouro da crise, nasceram 118 mil crianças em toda a Grécia. Em 2017, esse número já tinha caído para 88 mil.

Agora, o governo grego tenta, desesperadamente, reverter esse cenário, por meio de - adivinhe só! - programas estatais de incentivos. Já foram idealizados, e realizados, programas de subsídios para famílias numerosas, financiamento barato de casas para jovens, incentivos financeiros para reprodução assistida e, é claro, tentativas de trazer mão-de-obra estrangeira para se estabelecer por lá. Obviamente, nada disso vai funcionar. Afinal de contas, se foi o estado que causou esse problema, num primeiro momento, não vai ser ele que vai resolvê-lo. E nós já vamos falar da culpa do estado!

A verdade é que, logo antes da crise sanitária, o problema populacional grego era bastante evidente. Em 2020, o governo tentou conter a queda nas taxas de fecundidade por meio de subsídios - fornecendo um abono de 2 mil euros para os pais de cada criança nascida no país a partir daquele momento. Naquela época, já se previa, inclusive, que 36% da população grega seria idosa, em 2050, caso o cenário não fosse revertido. Como os números nos mostram, de lá pra cá a coisa só piorou.

E nem mesmo os imigrantes querem viver na Grécia! Quando os refugiados da África e do Oriente Médio começaram a inundar a Europa, a Grécia foi uma das principais portas de entrada para o Velho Continente. Só que praticamente ninguém ficou por ali: os imigrantes passaram direto para outras nações da Europa Central. Ao que tudo indica, todo mundo já sabia que a Grécia não tinha mesmo futuro.

E o estado é, de fato, o grande responsável por essa situação. A verdade é que uma dívida pública crescente sempre se converte em desastre populacional, porque ela distorce o tecido social. Afinal de contas, o aumento dos gastos estatais acontece quando o estado afirma ser o grande provedor da sociedade. Nesse cenário, os filhos deixam de ter uma importante função de auxílio para pais - investimentos para a velhice. Quem vai bancar a aposentadoria dos velhinhos vai ser o papai estado! Aliás, antes das reformas pós-crise de 2010, era muito comum os gregos se aposentarem lá por volta dos 57 anos. Nesse contexto, ter filhos deixa de ser economicamente vantajoso, se tornando apenas um grande estorvo.

Acontece que todo esse aumento da dívida pública penaliza gravemente a população. Ainda que estejamos falando de um bloco econômico robusto, como a União Europeia, com uma moeda sólida circulante, a verdade é que essa farra da gastança precisa acabar, uma hora ou outra. Diante da Grécia, foram colocadas duas alternativas: ou os gastos são controlados, ou o país está fora do bloco dos ricos. Esta segunda escolha teria destruído o país ainda na década passada; então, a escolha inevitável foi feita. E aí, inevitáveis também foram as consequências.

A população grega, acostumada a viver na ilusão do gasto estatal, foi atirada na pobreza do dia para a noite. Em 2014, ⅓ dos gregos já vivia na pobreza. Quase metade dos aposentados, por sua vez, estava abaixo da linha da pobreza. O desemprego, especialmente entre os mais jovens, cresceu de forma assustadora. E as perspectivas de uma melhora econômica no médio e no longo prazos eram praticamente inexistentes. Nessa época, o PIB grego despencou 25%. Embora o país tenha ensaiado uma recuperação nos últimos anos, o preço pago pela população grega, por conta da crise, ainda é muito alto.

Nesse tipo de cenário, ter filhos deixa de ser uma opção interessante. Filhos custam caro, não trazem retorno financeiro num curto prazo e sobrecarregam as contas domésticas. Restrições orçamentárias se transformam em restrições familiares; e foi exatamente isso o que aconteceu na Grécia. Infelizmente, esse tipo de cenário termina por ser cultural. Os adultos da próxima década são os filhos únicos da década passada. Eles cresceram com a referência de uma família pequena. Dificilmente, eles irão buscar algo diferente disso. Na verdade, a Grécia terá sorte se esses futuros adultos ainda quiserem ter, pelo menos, 1 filho.

Pessoas mais saudáveis e com um futuro mais promissor fogem de países com essas características, buscando oportunidades melhores em outras partes do mundo. Na Grécia, portanto, ficaram os menos qualificados e menos dispostos a correr atrás de uma vida no exterior. O país ficou sem perspectivas; e não são subsídios estatais, bancados com dinheiro impresso do nada, que vão reverter esse cenário. Quando Elon Musk e outros afirmam que a Grécia caminha sim para um colapso populacional, eles não estão brincando. A coisa é realmente séria, e um colapso futuro é absolutamente factível.

As circunstâncias que levam ao atual cenário grego, portanto, devem ser colocadas na conta do estado. A crise econômica provocada pelo governo grego expulsou pessoas qualificadas do país, reduziu as famílias e destruiu a riqueza do povo. Uma década depois, medidas arbitrárias de controle sanitário podem, talvez, ser culpadas pela alta nas taxas de mortalidade no país. Essas consequências não esperadas da ação estatal levam a Grécia, definitivamente, para o fundo do poço demográfico. E de lá, o berço da civilização ocidental só poderá sair dessa tragédia, se o estado não o atrapalhar. Se houver uma solução para a Grécia, esta passa pela liberdade, e não pela ação do estado.

Referências:

https://www.ndtv.com/world-news/greece-facing-population-collapse-as-unexplained-deaths-soar-elon-musk-reacts-5448119

https://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_de_pa%C3%ADses_por_d%C3%ADvida_p%C3%BAblica

https://sicnoticias.pt/mundo/2024-04-12-video-grecia-regista-taxa-de-natalidade-mais-baixa-em-92-anos-722b0b17

https://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2020-02/grecia-oferece-bonus-para-aumentar-taxa-de-natalidade

https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2018/12/crise-financeira-grega-levou-a-queda-no-numero-de-criancas-no-pais.shtml

https://countrymeters.info/pt/Greece#google_vignette

https://data.worldbank.org/indicator/SP.DYN.CDRT.IN?locations=GR

https://www.wionews.com/world/greece-prepares-for-population-collapse-amid-rising-deaths-potentially-1st-country-to-face-such-crisis-711619